Ray Dalio elogia política de prosperidade comum da China

Bilionário fundador da empresa de investimentos Bridgewater Associates instou países a reduzir diferenças de riqueza

Empresário acredita que distribuição de renda pode ser benéfica a longo prazo ao melhorar condições para futuros talentos
Por Bei Hu
11 de Janeiro, 2022 | 12:13 PM

Bloomberg — Ray Dalio, fundador da empresa de investimentos de US$ 150 bilhões Bridgewater Associates, elogiou a busca da prosperidade comum da China e instou países, incluindo os Estados Unidos, a reduzir suas diferenças de riqueza.

A iniciativa do presidente Xi Jinping ajuda a redistribuir riqueza e oportunidades de maneira mais igualitária entre sua população, permitindo que a economia conte com um conjunto mais amplo de talentos, afirmou Dalio em conferência de investimentos do UBS Group na segunda-feira (10). A política é frequentemente mal interpretada por investidores internacionais, que temem que o país esteja retornando ao modelo comunista do presidente Mao Zedong, acrescentou.

Primeiro você fica rico, depois distribui essas oportunidades de maneira mais igualitária”, disse Dalio, conhecido como um entusiasta de longa data da China. “Os EUA, com seu sistema, precisa de mais prosperidade comum; assim como muitos outros países”.

Os comentários de Dalio foram recebidos após este ser criticado por políticos por seu apoio ao país e a seu governo e até acabar criando tensão com seu próprio ex-CEO, David McCormick, que está considerando se candidatar a uma vaga no Senado. Na China, o movimento para abordar a ampla e persistente diferença de riqueza do país envolveu reguladores visando especificamente o setor de tecnologia, alarmando investidores.

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As autoridades também estão tentando conter o que o governo vê como excessos da sociedade, incluindo fanatismo por celebridades, cursinhos e videogames. O Índice MSCI China caiu quase 23% no ano passado – o pior tombo desde 2008 – e os investidores estão preocupados com o ambiente político e regulatório agravado pela covid-19.

Por quase 40 anos, Dalio falou de seu fascínio pela China e tem sido um simpatizante ferrenho – e por vezes controverso – do país e de seu governo. Em 1995, Dalio enviou seu filho Matt, então com 11 anos, para morar e estudar em Pequim por um ano.

Geração de talentos

“Não sabemos de onde virão os melhores talentos. A probabilidade que sejam pobres e carentes é a mesma de que sejam abastados”, disse Dalio sobre a busca pela prosperidade comum do governo chinês. “Então você aproveita esses talentos e constrói uma economia melhor e mais próspera, além de um sistema mais justo”.

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Em outubro, o bilionário afirmou que estaria disposto a pagar mais impostos se soubesse que seu dinheiro seria bem utilizado, por exemplo, ao promover igualdade de oportunidades e mais produtividade.

A implacável repressão regulatória da China dividiu Wall Street, alimentando especulações sobre o que pode vir a seguir. George Soros criticou as políticas de Xi e disse em um editorial do Wall Street Journal no ano passado que “despejar bilhões de dólares na China agora é um erro trágico”. O diretor global de investimentos da consultora Guggenheim Partners, Scott Minerd, disse em outubro que a China é “ininvestível”.

Por outro lado, Dalio disse que os EUA são um lugar mais arriscado para investir, usando critérios como geração de renda em comparação às despesas de uma economia, ativos em relação a passivos e a ordem interna de um país e a probabilidade de conflitos externos.

“O que vemos na maioria deles critérios é que os EUA apresentam mais desses elementos de risco, e outros indicadores estão em declínio, como níveis de educação, vantagens competitivas e outros”, disse. Embora a tecnologia ainda seja um ponto positivo para os EUA, a taxa de mudança é mais lenta do que a China, acrescentou.

A Bridgewater administra dinheiro estatal chinês desde 1993, incluindo cerca de US$ 5 bilhões do fundo soberano China Investment e da Administração Estatal de Câmbio.

Em novembro, a Bridgewater levantou 8 bilhões de yuans (cerca de US$ 1,3 bilhão) para um novo fundo privado na China, tornando-se a maior empresa global de fundos de hedge do país.

Dalio causou alvoroço nos EUA com seus comentários sobre a China em uma entrevista à CNBC em 30 de novembro, levando McCormick a dizer aos funcionários que discordava das opiniões do bilionário.

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“Eu não deveria investir nos Estados Unidos devido aos nossos próprios problemas com direitos humanos?”, disse Dalio na ocasião. Ainda sobre a China, ele acrescentou que “como país de sistema top-down, ele se comporta como um pai rigoroso”.

O principal fundo Pure Alpha II da Bridgewater retornou cerca de 8% no ano passado, beneficiado por um forte dezembro. Como muitos de seus pares, seu fundo de macro hedge vem sofrendo na última década, ganhando 1,6% anualizado no período de 10 anos encerrado em novembro. A empresa perdeu 12,6% em 2020, acarretando a retirada de fundos de diversos clientes institucionais.

--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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