2021: o ano que o preço dos alimentos chegou ao maior nível em 10 anos

Cotações terminaram dezembro em queda de 1% em comparação a novembro, mas ficaram 23% mais altas em 12 meses

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Bloomberg Línea — O índice global de preços medido pela Food and Agriculture Organization (FAO) encerrou o ano no maior patamar em uma década. Na média, o indicador de preços fechou 2021 aos 125,7 pontos, resultado que representa um crescimento de 28,1% em comparação ao ano anterior. Foi a primeira vez desde 2014 que o indicador ficou acima dos 100 pontos.

O desempenho anual foi obtido com a queda nos preços dos alimentos em dezembro em comparação a novembro. No último mês do ano as cotações dos alimentos recuaram 1% ante ao resultado do mês anterior. Essa foi a primeira queda em quatro meses. Apesar da queda mensal, os alimentos encerram dezembro com preços 23% maiores do que o mesmo período do ano anterior.

A queda do índice geral de preços em dezembro foi influenciada, principalmente, pelo recuo dos preços dos óleos vegetais e do açúcar, que caíram 3% em ambos os casos. No caso dos óleos, os derivados da soja e canola ficaram praticamente estáveis no mês passado, diante de uma procura ainda firme, principalmente por parte da Índia. Contudo, o óleo de palma e girassol recuaram no mercado internacional por conta de uma demanda mais moderada, em meio ao aumento das preocupações com o aumento de casos de Covid.

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O açúcar recuou para o menor patamar em cinco meses com o aumento da preocupação dos operadores do mercado em relação ao impacto que a variante omicron poderá ter sobre a demanda global e com as medidas de contenção que alguns países já estão adotando. No Brasil, maior produtor mundial de açúcar, a desvalorização do real frente ao dólar e a queda dos preços do etanol também contribuíram para a redução dos preços mundiais do açúcar em dezembro.

Depois de quatro meses consecutivos de alta, os preços dos cereais fecharam dezembro em queda de 1% em comparação a novembro. Os preços do trigo no mercado internacional caíram em dezembro, em meio à melhora da oferta após as safras no hemisfério sul e à desaceleração da demanda.

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No entanto, os preços do milho ficaram mais firmes, sustentados pela forte demanda e preocupações com a persistência da seca no Brasil. Os preços internacionais do arroz também caíram em dezembro, devido à recaída na demanda e à desvalorização das moedas em relação ao dólar norte-americano em vários fornecedores importantes.

A queda nos preços dos alimentos em dezembro só não foi generalizada porque as cotações das carnes ficaram estáveis e os valores dos lácteos subiram 2%. No caso das proteínas, a queda das importações de suínos da China, o aumento da oferta de aves para exportação e o maior volume disponível de ovinos na Oceania impediram com que os preços continuassem subindo.

No caso dos derivados lácteos, as cotações internacionais de manteiga e do leite em pó continuaram a subir em dezembro, impulsionadas pela alta demanda global de importação, juntamente com a oferta restrita, resultante da menor produção de leite na Europa Ocidental e na Oceania. Apesar da oferta menor, a produção de queijo na Europa Ocidental aumentou.

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