Quais foram os melhores vinhos de 2021?

Embora todas as safras sejam anteriores a 2021, a lista de 10 vinhos foi curada pela autora com base em sua experiência pessoal ao longo do ano

Confira quais foram os melhores do ano
Por Elin McCoy
31 de Dezembro, 2021 | 10:55 PM

Bloomberg — Não foi fácil escolher minhas 10 melhores experiências de 2021. Eu degustei vinhos de 18 países de seis continentes.

Olhando minhas anotações, descobri avaliações de dezenas de vinhos, incluindo grandes safras de Bordeaux, memoráveis cabernets e chardonnays da Califórnia e novos e espetaculares cuvées de Champagne, espumantes ou não.

Experimentei regiões e uvas menos conhecidas, como a antão vaz e a jampal, de Portugal, gaglioppo e turbiana da Itália – e muitas safras de jovens produtores de vinho empenhados em salvar o planeta, alimentando minhas esperanças pelo futuro do vinho.

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Infelizmente, eu os degustei em casa, geralmente conversando virtualmente com os produtores de vinho. Seus cenários – adegas de pedra, vistas panorâmicas de vinhedos, grandes restaurantes – eram lembretes de como sinto falta de visitar as vinícolas pessoalmente.

Minhas 10 escolhas variam do velho ao novo, do conhecido ao misterioso. Também incluí um vinho branco português feito de uma uva quase extinta, um champanhe de 45 anos, um ótimo vinho tinto que almeja ser o melhor da China e um vinho espanhol novo que está prestes a ser uma raridade muito visada.

Todos eles refletem o que importa no mundo dos vinhos de hoje e do futuro.

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Manz Cheleiros Dona Fátima Jampal, safra de 2017

Minha descoberta do ano foi este vinho branco incomparável, o único no mundo feito inteiramente a partir da rara uva portuguesa jampal. Fiquei cativada pelo sabor e pela história do resgate da uva da quase extinção pelo brasileiro André Manz. Ele comprou um pequeno vinhedo ao norte de Lisboa e buscou especialistas para determinar quais eram aquelas uvas.

Seu jampal, com aromas perfumados e notas de frutas cítricas, terra e plantas verdes frescas, é como uma combinação de chardonnay, semillon e sauvignon blanc – longo e elegante. É praticamente impossível achar esse vinho, mas outras safras virão em 2022. A garrafa custa US$ 25.

Massican Sauvignon Blanc, safra de 2020

Há alguns meses, me mudei para uma casa nova. Após arrumar tudo, queria um vinho reconfortante e familiar que me desse energia e um sopetão. A adega estava repleta de caixas, mas consegui encontrar garrafas de vinhos brancos claros e secos da vinícola Massican, de Napa, que meu marido e eu acabamos bebendo por várias noites para descontrair e relaxar.

Todos foram refrescantes e deliciosos, mas as notas verdes e duras deste sauvignon blanc de dar água na boca o tornaram o vinho perfeito para os momentos em que estávamos sentados ao ar livre apreciando nossa nova vista da floresta e da montanha. US$ 35 a garrafa.

Yjar, safra de 2017

Que delícia provar este novo vinho tinto do carismático enólogo Telmo Rodriguez. Líder da revolução dos vinhos na Espanha, há tempos ele destaca os principais terroirs e uvas nativas do país. Uma de suas ambições era criar o primeiro vinho emblemático de La Rioja. E ele conseguiu fazê-lo com o Yjar. Mesmo sendo fabricado na propriedade de sua família, Remelluri, este é um projeto independente.

A mistura perfumada, elegante e ultra-harmoniosa é feita a partir de um vinhedo histórico excepcional, de alta altitude, que conta com uvas tempranillo e quatro outras variedades tradicionais. Esse será o primeiro vinho a ser oferecido exclusivamente a negociantes de Bordeaux – toda a safra de 7,5 mil garrafas se esgotaram em horas. Nos Estados Unidos, o vinho chega em 2022. US$ 105 a garrafa.

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Mézes Mály 6 Puttonyos, da Royal Tokaji Company, safra de 2017

Este vinho doce e voluptuoso da região de Tokaj, na Hungria, de uma das melhores safras dos últimos 30 anos, é a minha pechincha do ano. Juro. O preço de três dígitos é barato para este estilo de elixir, que há muito inundou as línguas de imperadores como Franz Josef e Napoleão.

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Dos vinhos de um único vinhedo de Royal Tokaji, o Mezes Maly, proveniente de um dos dois vinhedos mais famosos da região, foi o meu favorito. É o epítome da riqueza, com aromas e sabores de mel, damascos, gengibre e casca de laranja e acidez suficiente para evitar que seja enjoativo. Vinhos da Tokaji são mais doces que vinhos de Sauternes, mas trazem mais sabor frutado, acidez refrescante e baixo teor de álcool. Por que esses belíssimos vinhos estão saindo de moda? US$ 210 a garrafa de 500 ml.

Edição de 20º aniversário do Colore, de Bibi Graetz, safra de 2019

A personalidade colorida do enólogo e artista toscano Bibi Graetz ficou em vívida exibição durante o 20º aniversário de seu melhor vinho tinto, o Colore Rosso, realizado em julho no Ristorante Enoteca Pinchiorri em Florença, que possui três estrelas segundo o guia Michelin.

Nas últimas duas décadas, o estilo do Colore Rosso, um tinto toscano praticamente artesanal feito à base de uvas sangiovese, evoluiu e mudou de intenso e concentrado para mais elegância e sutileza. Mas o que mais me seduziu na safra de 2019 foram seus aromas expansivos de pétalas de rosa, pureza de frutas e textura acetinada perfeita. E agora se tornou um ícone italiano. US$ 250 a garrafa.

Monte Bello, da Ridge, safra de 2011

O Monte Bello, da Ridge, é meu ideal de cabernet californiano clássico e digno da idade, então aproveito todas as chances que tenho para degustar safras mais antigas. Em janeiro, um painel de discussão na vinícola Inglenook, em Napa, apresentou-o entre seis cabernets da safra fria e chuvosa de 2011, que os críticos originalmente rejeitaram em consenso. A ideia era provar que os críticos estavam errados e deu brilhantemente certo.

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Os vinhos, de Inglenook, Corison e Ridge, eram longos, complexos e elegantes – mas para mim, o Monte Bello era a estrela, com notas de ameixa e tabaco, o tipo de poder e estrutura de um grande Bordeaux e o equilíbrio perfeito com teor alcoólico de 12,8%. Isso mostra que safras “esquisitas” de grandes propriedades podem envelhecer melhor do que você pensa. US$ 257 a garrafa.

Ao Yun, safra de 2016

Eu participei de uma degustação exclusiva no luxuoso espaço de degustação da Moët Hennessy, repleto de paredes de vidro no centro de Nova York, no 36º andar do 7 World Trade Center e vista para o rio Hudson. Em uma tela gigante, o enólogo Maxence Dulou começou a falar diretamente da China, em um cenário com picos cobertos de neve. Por quê? Aquelas eram as cinco primeiras safras de um blend à base de cabernet chinês, o Ao Yun, com a chance de comparar sua safra de 2016 com safras do mesmo ano da Château Lafite-Rothschild e da Opus One.

O Ao Yun é um dos melhores vinhos tintos da China, e a safra de 2016 parece ser a que definiu seu estilo. Mais parecido com vinhos de Bordeaux que de Napa, é um vinho fresco e elegante, com um caráter frondoso e saboroso. Sim, o Lafite era mais profundo, rico e complexo, mas a degustação mostrou que Ao Yun amadureceu. US$ 295 por garrafa.

A safra mais antiga da lista, de 1976, é de um espumantedfd

Verité Le Desir, safra de 2018

O jantar no Eleven Madison Park para comemorar o 20º aniversário da estrela secreta de Sonoma – o Verité – com os enólogos Pierre Seillan e sua filha Helene foi imperdível. Bebemos safras mais antigas e as recém-lançadas de 2018 de suas três misturas de vinho tinto ao estilo de Bordeaux: La Muse (à base de merlot), Le Desir (à base de cabernet franc) e La Joie (à base de cabernet sauvignon).

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Eu amei o poderoso e luxuoso La Joie de 1998 e 2008, mas a safra de 2018 foi a estrela para mim, principalmente o Le Desir, com seus aromas de frutas vermelhas, violetas e terra úmida e sabores escuros e taciturnos. É um vinho que vai perdurar por décadas. US$ 424 por garrafa.

Olivier Bernstein Mazis-Chambertin, safra de 2018

No meu aniversário, costumo desejar um grand cru Borgonha, e este, feito pelo micronegociante Olivier Bernstein, não me decepcionou. É quase exótico, com um núcleo profundo de frutas maduras e escuras, notas de especiarias e aquela combinação de densidade sedosa, aromas expansivos e energia vigorosa que tornam os grandes Borgonhas tão sedutores.

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Esta safra foi de um verão sufocante para a Borgonha de clima frio, mas a energia deste vinho me deu esperança de que os melhores produtores de vinho pudessem adiar os efeitos do aquecimento global, pelo menos por um tempo. US$ 594 por garrafa.

Bollinger R.D. Extra Brut, safra de 1976

Durante o lançamento on-line da exuberante e cremosa safra de 2007 de Bollinger R.D. Extra Brut em março, também degustamos duas safras misteriosas. R.D. é a sigla para “recém-despejado” – processo de remover o sedimento de levedura usado em champanhes. Explicando: o champanhe começa com um vinho base engarrafado ao qual se adiciona açúcar e fermento para criar uma segunda fermentação na garrafa, que, por sua vez, cria as bolhas do espumante. A Bollinger normalmente envelhece seu RD na garrafa com as células de levedura mortas (chamadas de borras) por mais de uma década para ganhar riqueza antes de ser despejado e re-engarrafado. Quanto mais o vinho envelhece com as borras, mais sabores e textura de brioche ele ganha.

Para minha surpresa, as duas garrafas misteriosas eram cuvées R.D. de 1976, a safra mais antiga de R.D. que já experimentei. Como os sabores eram tão diferentes se ambos foram engarrafados na mesma época? Um havia sido envelhecido com as borras até ser despejado há seis anos; o outro foi envelhecido por ainda mais tempo e foi despejado há apenas seis meses.

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Gostei mais do último, que era mais brilhante, mais intenso, rico e semelhante ao vinho, com aromas sutis de frutas cítricas, maçãs assadas deliciosas e giz. Infelizmente, não é possível comprá-lo. Mas é possível adquirir a safra despejada há seis anos no Finest Bubble, varejista de espumantes de Londres, por US$ 3.264 a garrafa.

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