Estudos mostram que células T conseguem combater ômicron

Resultados podem ajudar a explicar por que a onda ômicron até agora não causou um aumento da taxa de mortalidade da doença

Os cientistas descobriram que entre 70% e 80% das respostas das células T avaliadas se mantiveram contra a ômicron
Por Marthe Fourcade e Michelle Cortez
30 de Dezembro, 2021 | 11:56 AM

Bloomberg — Uma parte desconhecida do sistema imunológico parece proteger contra casos graves da variante ômicron, mesmo com a queda de anticorpos, o que ajuda a explicar por que a onda recorde de infecções não sobrecarregou hospitais até o momento.

As células T, que combatem as células infectadas pelo coronavírus, foram potencializadas o suficiente pela vacinação para a defesa contra a ômicron, como mostrado em estudos independentes da Universidade Erasmus, nos Países Baixos, e da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul.

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Os resultados podem ajudar a explicar por que a onda ômicron até agora não causou um aumento da taxa de mortalidade em países como África do Sul, Estados Unidos e Reino Unido. Ao contrário dos anticorpos, as células T podem atacar por completo a proteína spike do coronavírus, que ainda é muito semelhante à das outras cepas, mesmo com as diversas mutações presentes na ômicron.

Os pesquisadores holandeses analisaram 60 profissionais de saúde vacinados e descobriram que, embora suas respostas de anticorpos à ômicron tenham sido menores ou inexistentes em comparação com as variantes beta e delta, as respostas das células T permaneceram praticamente inalteradas, “potencialmente equilibrando a falta de anticorpos neutralizantes na prevenção ou limitando a Covid-19 grave”.

O estudo do Instituto de Doenças Infecciosas e Medicina Molecular da Universidade da Cidade do Cabo analisou pacientes que se recuperaram da Covid ou foram imunizados com vacinas da Pfizer-BioNTech ou da Johnson & Johnson. Os cientistas descobriram que entre 70% e 80% das respostas das células T avaliadas se mantiveram contra a ômicron.

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Nas últimas semanas, evidências de que a nova cepa pode reduzir a proteção da vacina levou governos a acelerarem campanhas de reforço para aumentar o nível de anticorpos contra a variante.

Mas a proteção imunológica tem várias camadas. Enquanto os anticorpos bloqueiam a infecção, as células T matam as células infectadas. Isso evita que o vírus se espalhe e leve a quadros graves, escreveu Wendy Burgens, uma das autoras do estudo da Universidade da Cidade do Cabo. Em sua conta no Twitter Virus Monologues, Burgens explicou que as células T “não podem impedir que você seja infectado, mas podem minimizar danos posteriores”.

As células T são glóbulos brancos que podem se lembrar de doenças passadas, matar células infectadas por vírus e despertar os anticorpos para as defesas. Pessoas infectadas com outro coronavírus responsável pelo surto de SARS em 2003, por exemplo, ainda apresentavam resposta das células T à doença 17 anos depois.

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Outro estudo revelou que doses de reforço aumentaram a produção de células T em caso de infecção pela ômicron. A aplicação da vacina da J&J em pessoas que já haviam recebido o imunizante de RNA mensageiro produziu melhores resultados, embora uma terceira dose da Pfizer-BioNTech também tenha elevado os níveis de imunidade celular e anticorpos neutralizantes após um mês, de acordo com dados do Beth Israel Deaconess Medical Center.

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