Cinco assuntos quentes para o Brasil na próxima semana

IPCA-15 de dezembro pode consolidar apostas de desaceleração da alta de juros

Orçamento mobiliza semana curta com feriado
Por Josue Leonel
17 de Dezembro, 2021 | 08:31 PM

Bloomberg — Semana encurtada pelo feriado do Natal traz o IPCA-15 de dezembro, que pode consolidar aposta em desaceleração da alta de juros se vier mais ameno, como ocorreu com o dado de inflação de novembro. Congresso tentar votar orçamento antes do recesso e, no câmbio, operadores seguem atentos ao fluxo e BC. No exterior, mercado avalia riscos da ômicron e o efeito do aperto monetários dos maiores bancos centrais.

IPCA-15 e Focus

Juros futuros devem reagir ao IPCA-15 de dezembro, que sai dia 23, com estimativa de leve desaceleração. A curva de DI precifica alta da Selic de 162 pontos em fevereiro, em linha com a sinalização do Copom de outro ajuste de 1,5pp, mas a precificação já aponta desaceleração do ritmo para +1pp em março e +0,5pp em maio. Após várias medições acima das estimativas, o IPCA fechado de novembro veio abaixo do previsto, embora ainda mantendo um patamar alto. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, reiterou o tom hawkish da ata do Copom, ao dizer que o processo de aperto monetário vai se estender até que as expectativas fiquem ancoradas. Agenda da penúltima semana do ano ainda traz a pesquisa Focus, contas externas e confiança do consumidor.

BC e câmbio

O mercado segue de olho nos movimentos do Banco Central, que já colocou US$ 3,4 bilhões em quatro leilões de dólar à vista desde a sexta-feira passada. Leilões visam aliviar a liquidez do mercado na reta final do ano, quando ocorre aumento das remessas de dividendos pelas empresas. As atuações do BC têm ajudado a limitar as perdas do real, mas ainda assim a moeda brasileira acumula desvalorização de 1,3% nos últimos cinco dias, desempenho que só não é pior do que o do peso colombiano e lira turca.

BCs e ômicron

Mercados devem seguir avaliando impacto do aperto monetário dos principais BCs do mundo e a evolução da nova cepa da covid-19. Bolsas caem nesta sexta-feira, com ações de tecnologia puxando as perdas, com receio de que juros maiores pesem sobretudo sobre os ativos mais valorizados. Agenda externa perde alguma força após semana cheia de decisões de política monetária. Destaques entre indicadores nos EUA são PIB e PCE. China deve decidir sobre sua taxa de financiamento de referência neste domingo.

PUBLICIDADE

Leia mais: BCs apostam que economias toleram ômicron, mas não inflação

Orçamento

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que votação do Orçamento 2022 deve ficar para a segunda-feira, segundo a Agência Senado. Nesta sexta, o Congresso se dedica a votações de vetos do presidente Bolsonaro e projetos de lei pendentes. O recesso parlamentar começa depois do dia 22 de dezembro na Câmara e no Senado. Com a redução da atividade em Brasília, mercados devem centrar o foco nas movimentações dos pré-candidatos para eleição de 2022.

Leilão e AGEs

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, a Aneel e o Ministério de Minas e Energia realizam na terça-feira, às 10:00, o primeiro leilão para contratação de reserva de capacidade do país. Estão cadastrados 132 projetos de geração, novos e existentes, segundo a Aneel. No dia 22, o BNDES promove audiência pública para discutir desestatização da Eletrobras. A semana ainda terá AGEs do Carrefour Brasil, M. Dias Branco e Lojas Marisa.

PUBLICIDADE

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Petróleo mira US$ 100 até 2023 com duelo entre inflação e Covid

Não compre no primeiro aumento dos juros, recomenda BofA