Desmatamento amplia riscos de reputação de empresas brasileiras, diz Moody’s

Riscos relacionados ao clima podem se tornar materiais para a qualidade de crédito se pressão social e regulatória se intensificar

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Bloomberg Línea — Com governos e investidores se comprometendo a fazer mais para acabar com o desmatamento, o escrutínio sobre os danos ambientais causados pela atividade humana provavelmente aumentará e pode resultar em riscos à reputação de empresas, de acordo com um relatório divulgado pela agência de rating Moody’s.

“O desmatamento e outros riscos relacionados ao clima podem rapidamente se tornar materiais para a qualidade de crédito se o escrutínio social e regulatório se intensificar”, disse Barbara Mattos, vice-presidente sênior da Moody’s.

Mattos acrescenta que, embora nem sempre sejam imediatamente relevantes para a qualidade do crédito corporativo, tais perigos incluem riscos de reputação e receita reduzida de boicotes e proibições.

A conversão de florestas para a agricultura é apontada como a principal causa do desmatamento no Brasil, que é um dos maiores exportadores mundiais de produtos agrícolas. Segundo os dados, juntas a agricultura e a produção de proteína representam 26,6% do PIB brasileiro e metade das exportações em 2020. Entretanto, elas são apontadas como a principal causa do desmatamento nos biomas Amazônia e Cerrado nos últimos 20 anos.

Empresas de proteína e usinas

Para evitar maiores danos diante do crescente escrutínio aos produtores de proteína, empresas do setor vêm adotando medidas para contornar os problemas. A JBS (JBSS3) informou que planeja eliminar o desmatamento em sua cadeia de abastecimento da Amazônia. Já a Marfrig (MRFG3) pretende monitorar toda a oferta de gado da Amazônia e do Cerrado até o ano 2030. A Minerva (BEEF3) irá banir fornecedores que não cumprem com seus critérios de sustentabilidade, enquanto a BRF (BRFE3) mantém sua política de compra sustentável de grãos.

Ao mesmo tempo, o setor sucroalcooleiro se beneficia do aumento da demanda global por fontes energéticas que substituam combustíveis fósseis por renováveis. O governo já vem promovendo o etanol e biodiesel por meio de créditos de carbono negociáveis sem desmatamento que contam para os mandatos anuais de compensação de carbono dos produtores de combustível.

A Raízen (RAIZ4), por exemplo, tem uma política livre de desmatamento e colheita totalmente mecanizada. Segundo a Moody’s, as empresas brasileiras de celulose e produtos florestais avaliadas usam principalmente florestas distantes dos biomas Amazônia e Cerrado.

A agência menciona também que a indústria de mineração supostamente tem algumas ligações com o desmatamento, mas a atividade afeta áreas muito menores da Amazônia e Cerrado do que a indústria pecuária e a agricultura juntas.

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