Liberação de reservas de petróleo dos EUA ainda não inspirou outros países

Movimento sem precedentes anunciado pelo presidente americano Joe Biden deveria ser feito em paralelo com China, Japão, Coreia do Sul, Índia e Reino Unido

Presidente dos EUA, Joe Biden, disse em 23 de novembro que o governo americano iria liberar 50 milhões de barris da Reserva Estratégica de Petróleo (SPR, na sigla em inglês) nos “próximos meses”
Por Serene Cheong - Debjit Chakraborty e Shoko Oda
13 de Dezembro, 2021 | 12:33 PM

Bloomberg — Já se passaram quase três semanas desde que os Estados Unidos anunciaram um plano para uma venda coordenada internacional das reservas nacionais de petróleo, mas até agora os outros cinco países não deram sinais de ação.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse em 23 de novembro que o governo americano iria liberar 50 milhões de barris da Reserva Estratégica de Petróleo (SPR, na sigla em inglês) nos “próximos meses”. O movimento sem precedentes seria feito em paralelo com China, Japão, Coreia do Sul, Índia e Reino Unido, afirmou.

Embora os EUA tenham concedido a primeira liberação de petróleo da SPR para a Exxon Mobil e pretenda emitir outro aviso de venda para 18 milhões de barris esta semana, os outros participantes permanecem em silêncio. Isso começa a gerar certo ceticismo no mercado sobre os planos, especialmente depois que a variante ômicron do coronavírus derrubou os preços globais.

A participação das nações asiáticas no que parece ser um cartel de compradores as coloca em uma situação difícil, disse John Driscoll, estrategista-chefe da JTD Energy Services.

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“Eles não podem arriscar suas relações com grandes produtores para satisfazer um presidente dos EUA que tentará a reeleição em alguns anos”, disse. Também podem “relutar em acessar suas reservas antes do pico da demanda de inverno, quando disrupções de oferta podem levar a grandes problemas”, disse Driscoll.

Leia mais: Petróleo opera perto da estabilidade com ômicron e China

Falta de urgência: alta ocasionada pela ômicron pode ter diminuído incentivos para liberar reservasdfd

A liberação conjunta não teve precedentes, visto que não houve choque de oferta, e veio após semanas de intenso lobby de Biden depois que a aliança Opep+ rejeitou seus apelos para aumentar a oferta mais rapidamente. Isso contribuiu para a queda dos preços que antecedeu o anúncio, mas muitos no mercado não ficaram impressionados com os volumes que outros países além dos Estados Unidos se comprometeram a liberar.

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A Índia foi o único país asiático que especificou o volume e prometeu liberar 5 milhões de barris, embora ainda haja dúvidas sobre o prazo. O diretor-presidente da Indian Strategic Petroleum Reserves disse em 3 de dezembro que ainda esperava orientação do governo federal sobre como e quando vender o petróleo.

O Japão não deu detalhes sobre volumes ou prazos, embora o jornal Nikkei tenha informado no mês passado que o país planejava liberar cerca de 4,2 milhões de barris. A Coreia do Sul disse em 23 de novembro que iria decidir sobre detalhes como volume e prazo após conversas com países parceiros, mas indicou que o volume somaria cerca de 3,5 milhões de barris.

A China tem sido um pouco ambígua, pois o governo de Pequim não quer dar a impressão de que está seguindo os EUA. Em novembro, o país disse que planejava a venda de petróleo das reservas, poucos dias depois de uma cúpula virtual entre Biden e o presidente da China, Xi Jinping. Uma autoridade do Ocidente a par do assunto disse que os chineses poderiam vender entre 7 milhões e 15 milhões de barris. Não houve nenhum anúncio oficial desde então.

Um porta-voz do governo do Reino Unido, por sua vez, disse que as empresas podem optar por participar da liberação conjunta se desejarem. Se todos contribuíssem, resultaria na venda do equivalente a 1,5 milhão de barris, disse o porta-voz.

A Casa Branca mencionou uma conferência em 29 de novembro no qual a secretária de imprensa, Jen Psaki, disse que os EUA incentivam qualquer país, incluindo a China, a ser “o mais transparente possível em qualquer de suas manobras políticas”, quando perguntada sobre a liberação das reservas por outras nações.

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