Governo Bolsonaro discute vale transporte para trabalhadores de baixa renda

Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse à Bloomberg News que medida seria para suavizar aumento dos combustíveis

"Essa questão do vale transporte, que está sendo considerada no governo, é muito importante.”
Por Simone Iglesias e Martha Beck
03 de Dezembro, 2021 | 02:18 PM

Bloomberg — O governo Jair Bolsonaro discute a possibilidade de distribuir vouchers para subsidiar o transporte público para trabalhadores de baixa renda como forma de suavizar o impacto da alta dos preços dos combustíveis, disse o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, à Bloomberg News em entrevista em seu gabinete, em Brasília.

A combinação de uma desvalorização cambial com a disparada global nos preços do petróleo levou ao aumento dos combustíveis no país, acelerando a inflação e pressionando Bolsonaro - que se candidata à reeleição em 2022 - a encontrar uma solução para minimizar o impacto sobre os mais pobres.

O governo criou este mês o vale-gás para subsidiar parte do preço do botijão a famílias de baixa renda, mas também é necessário ajudar os trabalhadores que precisam de transporte público, mesmo que esse tipo de ajuda seja temporário, disse Albuquerque.

O ministro destacou que a arrecadação de impostos do Brasil está aumentando e o governo tem dinheiro suficiente para financiar essas medidas.

PUBLICIDADE

Prioridades do governo

“Existem 15 a 16 milhões de famílias que são vulneráveis. Essas famílias, para mim, têm que ser a prioridade” afirmou. “Essa questão do vale transporte, que está sendo considerada no governo, é muito importante.”

Segundo ele, os cofres públicos receberam R$ 210 bilhões nos últimos três anos com royalties e participações especiais da exploração de petróleo e gás. Ele destacou ainda que o Brasil fará uma série de leilões de óleo, gás, geração e transmissão de energia elétrica nas próximas semanas. Com isso, o governo espera levantar investimentos de R$ 206,9 bilhões.

Veja mais: Preços dos alimentos atingem maior patamar em uma década

PUBLICIDADE

O problema, no entanto, é como acomodar as demandas por mais financiamento ao teto de gastos num momento em que as contas públicas estão sob escrutínio dos mercados financeiros.

Albuquerque ressalta que o efeito dos preços de combustível sobre os mais pobres “não é um assunto do governo, é um assunto nacional”. Segundo ele, Congresso e governo têm que se unir e encontrar uma saída.

“Recursos não faltam. Congresso com o governo tem que ver como operacionalizar isso. Isso não é uma questão de situação e oposição. É um problema nacional”, disse.

Ajuda aos caminhoneiros

O ministro também é a favor de dar ajuda financeira aos caminhoneiros, uma das categorias que mais apoiam Bolsonaro. O presidente já demandou do Ministério da Economia uma ajuda temporária de R$ 400 para os cerca de 750 mil caminhoneiros autônomos como forma de amenizar os recorrentes aumentos do diesel.

Esses recursos ainda não foram liberados porque dependem da promulgação da PEC dos Precatórios pelo Congresso, que abre espaço no orçamento para mais gastos do governo.

Bolsonaro também tem defendido publicamente a privatização da Petrobras como uma forma de resolver as questões do aumento dos preços dos combustíveis. Albuquerque é cético sobre essa premissa.

“Se você perguntar para mim, privatizar a Petrobras resolve o problema? Não. Agora, se você perguntar: na sua opinião pessoal, a Petrobras tem que ser uma empresa estatal? Não. Da mesmo forma que Eletrobras”, disse ele, acrescentando que seu ministério ainda não está estudando a venda da petrolífera brasileira.

PUBLICIDADE

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Preços dos alimentos atingem maior patamar em uma década

Onda de IPOs é um dos destaques do mercado em 2021, diz gestor