Adama vai substituir importação por produção local de ingrediente para defensivo

Empresa vai construir nova unidade no RS com investimento de R$ 200 milhões para garantir abastecimento de matéria-prima

Por

Bloomberg Línea — A israelense Adama, controlada pela Syngenta Group, vai investir R$ 200 milhões para instalar uma nova unidade produtiva em seu parque fabril de Taquari (RS) e passar a sintetizar no Brasil a molécula para um de seus fungicidas. A ideia é que a produção tenha início até junho de 2022 e faz parte da estratégia da companhia de dobrar a receita da operação brasileira até 2025.

A síntese do Protioconazol no Brasil vai substituir a importação do principal ingrediente ativo do Armero, fungicida utilizado no combate à “Mancha Alvo”, doença que pode reduzir a produtividade das lavouras de soja em até 30%. O plano da Adama é fabricar o princípio ativo no Rio Grande do Sul e desenvolver o produto final em sua unidade de Londrina, no Paraná.

O parque fabril paranaense, aliás, vai inaugurar uma unidade exclusiva para produção de herbicidas. Com investimento de US$ 2 milhões, a fábrica tem capacidade para 8 milhões de litros por ano e será utilizada para produzir outros três defensivos que a empresa pretende lançar nos próximos anos. Além do mercado nacional, a nova fábrica fornecerá produtos para os mercados dos Estados Unidos, China, África do Sul, Namíbia e países da América Latina.

A decisão da Adama de produzir o ingrediente ativo no Brasil ocorre em meio a um cenário de abastecimento de defensivos químicos ainda incerto para esta safra. Com uma necessidade de importar 76% dos ingredientes ativos utilizados nas formulações dos químicos utilizados na agricultura, o Brasil tem na China seu maior fornecedor, responsável por atender, sozinha, 32% dessa necessidade. Os problemas de energia enfrentados pelos chineses fizeram com que a produção de matéria-prima do país fosse reduzida, diminuindo a oferta para o mundo.

Veja mais: Em meio ao ‘apagão’ de insumo, governo prevê safra recorde de grãos

Em outubro, o próprio Ministério da Agricultura reconheceu que a escassez de defensivos agrícolas e fertilizantes era uma possibilidade real ainda para a safra 2021/22. Contudo, dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) indicam que o volume de defensivo utilizado no terceiro trimestre do ano foi de 154,6 mil toneladas, 6,6% a mais que as 145,1 mil toneladas utilizadas no mesmo período de 2020.

O aumento da utilização em uma perspectiva de desabastecimento é explicado pela queima dos estoques que ainda estavam disponíveis, especialmente entre os distribuidores. Para o presidente do Sindiveg, Julio Borges, o cenário ainda “é instável e preocupa bastante, devido à escassez de matérias-primas importadas, elevação dos custos e, especialmente, falta de garantia de entrega de insumos pela China, nosso principal fornecedor”.