CEO da Prada diz que entregará o cargo ao filho dentro de três anos

Empresa italiana não tem intenção de se associar a nenhum dos conglomerados globais de luxo

CEO de PRADA
Por Flavia Rotondi - Tommaso Ebhardt
18 de Novembro, 2021 | 07:44 PM

Bloomberg — O CEO da Prada, Patrizio Bertelli, planeja colocar seu filho Lorenzo no comando da empresa de moda italiana nos próximos três anos, uma mudança de geração que visa manter o negócio sob o controle da família.

“Lorenzo tem a atitude certa” para o trabalho, disse Bertelli em uma entrevista no amplo complexo da Fundação Prada, em Milão. Lorenzo, 33, é filho de Bertelli e Miuccia Prada, que trabalharam juntos desde os anos 1970 para transformar a empresa sediada em Milão em um dos grupos de moda mais prestigiosos do mundo. “Caberá a ele decidir” quando assumir, disse Bertelli.

O plano de sucessão é o sinal mais claro de que a família pretende continuar no comando. A Prada não tem intenção de se associar a nenhum dos conglomerados globais de luxo, disse Bertelli na entrevista, e a empresa não está procurando um investidor financeiro, pois não precisa de capital adicional. A Prada Holding da família possui cerca de 80% da Prada, listada em Hong Kong.

Na conversa, que durou uma hora, em 17 de novembro, no restaurante do sexto andar da fundação, Bertelli disse que ceder o controle da empresa para outra pessoa não combina com ele.

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“Sempre tive interesse em comprar, nunca em vender”, disse o CEO de 75 anos, cercado por tesouros de arte, incluindo obras do pioneiro do espacialismo, Lucio Fontana. “Ainda tenho a minha Vespa Primavera, as minhas motos Honda. Eles ainda estão comigo, todos eles, eu não sou vendedor de nada “.

Em vez disso, Bertelli acredita que a Prada, que tem 20 de suas 23 fábricas em seu país, poderia se tornar uma agregadora de pequenas empresas têxteis e manufatureiras italianas. A execução desse plano caberá a Lorenzo, que ingressou na empresa como head digital em 2017, e foi nomeado para o conselho de administração em maio deste ano. Atualmente, ele chefia as atividades de responsabilidade social corporativa e marketing da Prada.

A Prada é apenas uma das muitas empresas familiares italianas que enfrentaram questões de sucessão recentemente, enquanto fundadores mais velhos olham para o futuro. Essa lista inclui Leonardo Del Vecchio, que construiu o império de óculos Luxottica, e o ícone da moda Giorgio Armani.

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Por conta própria

Enquanto gigantes, como a francesa LVMH Moet Hennessy Louis Vuitton, abocanharam marcas de moda menores, vários designers italianos traçaram caminhos independentes. A Armani disse em setembro que a independência é essencial para seu grupo, e o CEO da Dolce & Gabbana, Alfonso Dolce, contou à Bloomberg, no mês passado, que sua empresa também planeja permanecer independente para preservar sua liberdade criativa.

Para a Prada, a abordagem independente significa manter o controle da família sobre uma casa de moda fundada pelo avô de Miuccia, Mario, em 1913, como fornecedora de bolsas, baús e acessórios de viagem em Milão.

Enquanto Bertelli e Miuccia Prada supervisionavam uma transformação impressionante no processo da empresa de se tornar um grupo global, a Prada teve seus tropeços ultimamente, já que os lucros caíram por quatro anos consecutivos até 2018, pois aumentou os preços das bolsas e demorou para criar uma coleção que sucedesse a Galleria, sua linha com o melhor desempenho de vendas.

A marca se recuperou em 2019, com o sucesso dos novos lançamentos, antes que as vendas caíssem novamente, para menos de 3 bilhões de euros (US$ 3,4 bilhões), no ano passado, em meio à pandemia.

A Prada anunciou na quinta-feira (18), um plano para aumentar a receita em cerca de 10% ao ano para chegar a 4,5 bilhões de euros nos próximos quatro a cinco anos, e Bertelli disse que a receita e o lucro de 2021 serão superiores aos níveis de 2019, a menos que sejam perturbados por “eventos dramáticos” ligados a uma retomada da pandemia.

A Prada está em uma posição sólida para se beneficiar de uma recuperação pós-pandemia na demanda de artigos de luxo, declarou o CEO, observando que a empresa foi forçada a aumentar seu apelo nos mercados locais durante um período praticamente sem turismo.

A empresa, que antes da pandemia se beneficiava de um “fluxo de turistas que tornava o trabalho mais fácil”, agora vê as vendas baseadas no turismo como “um valor agregado”, disse o CEO.

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