Moderna defende vacina diante de dúvida sobre riscos cardíacos

Farmacêutica afirma que os benefícios da vacina continuam a superar o risco extremamente raro de miocardite

Questões sobre efeitos colaterais atrasa aprovação de emergência pela FDA
Por Riley Griffin
11 de Novembro, 2021 | 03:46 PM

Bloomberg — A Moderna realizou uma breve teleconferência para defender a segurança de sua vacina contra Covid-19 de uma enxurrada de perguntas sobre os riscos cardíacos associados em jovens.

O diretor médico, Paul Burton, durante a chamada, reconheceu que a vacina da empresa parece estar ligada ao aumento das chances de uma doença cardíaca inflamatória, conhecida como miocardite, em homens jovens. A Moderna afirma, no entanto, que os benefícios da vacina continuam a superar o risco extremamente raro de miocardite, como declarou o representante da empresa nesta quinta-feira (11).

O valor de mercado da Moderna sofreu um golpe recentemente devido às preocupações relacionadas ao risco cardíaco, além de um corte nas previsões e uma batalha jurídica com o governo sobre os direitos de patente. As ações da empresa de biotecnologia com sede em Cambridge, Massachusetts, despencaram 34% este mês até o fechamento de quarta-feira (10).

A Suécia e a Dinamarca suspenderam o uso da vacina da Moderna em jovens, para monitorar o risco de inflamação do coração, enquanto a Alemanha deu preferência à vacina da Pfizer e BioNTech em vez da vacina da Moderna em jovens e grávidas. A Moderna ficou atrás de seus principais rivais na aprovação das doses de reforço e do uso em crianças.

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Enquanto isso, a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos exigiu mais tempo para avaliar o pedido de aprovação de emergência da Moderna para a vacina em adolescentes de 12 a 17 anos, pela necessidade de examinar o risco, mesmo que raro, de miocardite. Pode ser que essa revisão por parte do órgão regulador não seja concluída até janeiro.

Isso acabou deixando grande parte da provisão das vacinas direcionadas para adolescentes nos EUA nas mãos da Pfizer e da BioNTech, que conseguiram a liberação para maiores de 12 anos em maio. Cerca de 60% dos adolescentes receberam pelo menos uma injeção da vacina Pfizer-BioNTech, segundo dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

Em comparação com o imunizante da Pfizer-BioNTech, o da Moderna só causou 10 casos a mais de miocardite por 100.000 inoculações entre homens de 12 a 29 anos, disse Burton na conferência. A ocorrência do efeito colateral em homens sugere que o hormônio testosterona pode desempenhar um papel relevante, explicou ele. O diretor médico respondeu apenas algumas perguntas antes da ligação ser concluída.

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Os problemas de efeitos colaterais se somam aos problemas recentes da fabricante da vacina. A Moderna está em uma disputa jurídica com os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA em torno da questão do crédito sobre as invenções da empresa relativas à vacina contra Covid-19. O governo se opõe à decisão da Moderna de listar apenas cientistas da empresa, sem incluir os profissionais do Centro de Pesquisa de Vacinas do NIH, como inventores em um pedido de patente.

Neste mês, a empresa também anunciou um corte na previsão de produção de vacinas para o ano e reduziu sua projeção de vendas da vacina contra Covid-19 para 2021. As autoridades citaram questões logísticas que indicam que a empresa está tendo dificuldade em ampliar seus negócios para entregas internacionais, que era principalmente doméstico no primeiro semestre do ano.

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