Bolsas têm margem para um respiro, mas insistem em sequência de altas

Bolsas europeias mudam rumo da abertura e operam com valorização; em NY, futuros de índice tentam permanecer no mesmo caminho

As variáveis que orientarão os mercados internacionais
09 de Novembro, 2021 | 08:27 AM

Barcelona, Espanha — A ausência de catalisadores de peso nos mercados financeiros abre a janela para um descanso depois da maratona de valorizações – a questão é se os investidores vão querer esse respiro até o final da jornada.

Nesta manhã, tanto as bolsas europeias como os futuros de índices nos Estados Unidos abriram no negativo. Porém, pouco a pouco esse movimento foi se desvanecendo e os indicadores dão mostras de que querem continuar subindo.

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Considerando as operações das últimas semanas, não é de se estranhar que o mercado de renda variável retome a inércia de alta. Para se ter uma ideia, o S&P 500 encadeou oito sessões consecutivas de avanços, a mais longa sequência ganhadora desde abril de 2019.

Se hoje este índice fechar no azul, marcará a mais duradoura sequência de altas desde novembro de 2004. São 17 de 19 dias fechando no positivo, algo que não ocorria desde dezembro de 1971.

Boa notícia vinda da Europa

Na Alemanha, surpresa positiva na pesquisa de confiança apurada pelo instituto ZEW, que subiu com força em novembro e superou as expectativas dos analistas (31,7 em novembro versus 20,0 projetados e 22,3 na medição de outubro). Este indicador levava cinco meses em queda. A percepção sobre a situação atual, no entanto, piorou pelo segundo mês seguido, marcando 12,5 pontos, contra estimativas de 18,3 e uma leitura de 21,6 no mês passado.

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Um retrato dos principais mercados esta manhã

Já na Ásia, o japonês Nikkei 225 fechou em baixa pela notícia de que os salários reais caíram 0,6%, já que a inflação comeu parte da remuneração dos trabalhadores. Em setembro, os salários cresceram 0,2% em termos anuais, frente a um consenso de +0,6% dos economistas. Mas descontada a inflação do período, caíram 0,6%. O mercado está contando que o novo primeiro-ministro Kishida anuncie um pacote de estímulos para impulsar a recuperação econômica.

Os problemas no setor imobiliário da China continuam no foco. Dois detentores de notas de dólar vendidas por uma unidade do Grupo Evergrande da China ainda não receberam o pagamento dos cupons que venceram no sábado. Os títulos em dólares de maior qualidade da China estão sofrendo sua pior venda em cerca de sete meses, à medida que os problemas da propriedade se espalham pelo mercado de crédito no país asiático.

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Choque de realidade

Este forte movimento de valorização das bolsas se dá em um contexto em que a inflação ameaça economias em todo o globo. Amanhã, os Estados Unidos divulgam seus dados inflacionários ao consumidor, que na última medição marcou 5,4%. Analistas aguardam um número próximo a 5,8%. O Federal Reserve (Fed) já deixou claro ao mercado que não tem intenção de alterar os juros básicos no curto prazo, pois considera este repique inflacionário algo pontual, percepção que passou a ser aceita por mais economistas.

Por outro lado...

As notícias sobre os novos tratamentos para os casos de Covid-19 alentam o mercado, já que a perspectiva de novos isolamentos e seu consequente impacto econômico fica cada vez mais distante. Além disso, o sentimento de otimismo tem respaldo da aprovação, pelo Congresso dos EUA, do plano de US$ 550 bilhões para a infraestrutura, o maior pacote dos EUA em décadas.

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Paira uma dúvida no ar

No mais, as especulações em torno do próximo dirigente do Federal Reserve (Fed) adicionam volatilidade aos negócios. Lael Brainard, atual governadora do banco central norte-americano, foi entrevistada para o cargo de presidente, quando visitou a Casa Branca na semana passada, de acordo com pessoas familiarizadas com as discussões.

O movimento sinaliza que o presidente do conselho do Fed, Jerome Powell, tem uma rival importante, uma vez que o presidente Joe Biden está para escolher quem vai liderar o Fed nos próximos quatro anos. Powell e Brainard são as únicas pessoas que apareceram publicamente como candidatos à presidência do Fed. O mandato atual de Powell nesse cargo expira em fevereiro e Biden disse em 2 de novembro que tomaria uma decisão “bastante rápido”.

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No radar

  • Dados de IPP de outubro e Núcleo do IPP nos Estados Unidos (10h30 de Brasília)
  • Discurso de Christine Lagarde, Presidente do BCE (10h00)
  • Discurso de Powell, Presidente do Fed (11h00)
  • Alemanha: pesquisa ZEW de novembro e balança comercial de setembro
  • China: financiamento agregado, estoque de dinheiro, novos empréstimos em yuan, hoje (9)
  • China PPI, amanhã (10)
  • Estoques do atacado nos EUA, CPI, pedidos iniciais de desemprego amanhã (10)
  • O Comitê Central do Partido Comunista da China inicia hoje reunião que se estende até 11 de novembro
  • O mercado de títulos da dívida dos EUA fecha na quinta-feira (11) pelo Dia dos Veteranos

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-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.