Óleos vegetais fazem alimentos ficarem mais caros ao redor do mundo

Petróleo em alta e falta de mão de obra nas lavouras de palma da Malásia puxam preços dos alimentos que alcançam o maior patamar desde julho de 2011

Falta de mão-de-obra na Malásia está colocando em risco a oferta do maior produtor mundial de óleo de palma do mundo, fazendo os preços dispararem no mercado
04 de Novembro, 2021 | 07:10 PM

Bloomberg Línea — Os óleos vegetais foram os grandes vilões no movimento de valorização dos preços dos alimentos ao redor do mundo no mês de outubro. O valor de uma cesta composta por 10 diferentes óleos subiu 9,6% no mês passado em comparação a setembro e já acumula uma alta de 73,6% ao longo dos últimos 12 meses.

O índice medido pela FAO foi impulsionado por preços mais firmes dos óleos de palma, soja, girassol e canola. A falta de mão de obra nas lavouras de palma da Malásia está reduzindo a oferta do maior produtor do mundo. Em contrapartida, países como a Índia têm reduzido suas tarifas de importação de óleos comestíveis, o que tem estimulado a demanda pelo produto.

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Outro motivo que tem dado suporte para as cotações dos óleos vegetais é o petróleo. A valorização do óleo mineral tem impulsionado a demanda pelo produto vegetal, seja como substituto ou como insumo para ser misturado a combustíveis como o diesel.

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A alta nos óleos vegetais fez com que o índice geral dos preços dos alimentos encerrasse o mês de outubro com valorização de 3% em comparação a setembro. Esse foi o quarto mês consecutivo de alta. No acumulado dos últimos 12 meses, os preços dos alimentos já registram uma alta de 31,3% e estão no patamar mais elevado desde julho de 2011.

Os grãos também contribuíram para a alta geral dos preços dos alimentos. As cotações do trigo atingiram seu maior valor desde novembro de 2012, por conta da menor disponibilidade do cereal no mercado. Países como Canadá, Rússia e Estados Unidos estão apresentando safras menores, especialmente pelo produto de melhor qualidade, utilizado na alimentação humana.

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Os preços dos alimentos só não subiram mais porque as carnes e o açúcar tiveram uma queda em seus valores em outubro. As cotações do açúcar recuaram 1,8% em outubro, a primeira queda nos últimos seis meses, motivada por uma desaceleração da demanda internacional e por uma oferta mais abundante vinda da Índia e Tailândia. Contudo, o açúcar ainda mantém uma alta acumulada de 40,6% em 12 meses, diante das preocupações que ainda persistem em relação à capacidade produtiva do Brasil.

No caso das carnes, os preços caíram 0,7% em outubro, a terceira queda consecutiva. A China, maior consumidor de carne suína do mundo, reduziu suas importações. Além disso, os preços da arroba bovina no Brasil seguem em queda, diante da incerteza em relação à retomada das vendas do país para a China.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.