Surto da variante delta na China é o maior desde Wuhan

Pequim tem um total de 38 casos; parece pouco, mas é o número mais alto da capital desde o início do ano

Contudo, o vírus tem evadido as medidas protetivas, aumentando a frequência e a intensidade dos surtos
Por Bloomberg News
03 de Novembro, 2021 | 05:10 PM

Bloomberg — Mais províncias na China estão lutando contra a Covid-19 agora que em qualquer momento desde que o patógeno mortal apareceu pela primeira vez em Wuhan em 2019.

A variante delta, altamente infecciosa, está se espalhando por todo o país, apesar das medidas cada vez mais agressivas que as autoridades promulgaram em uma tentativa de controlá-la. Mais de 600 infecções transmitidas localmente foram encontradas em 19 das 31 províncias no surto mais recente na segunda maior economia do mundo.

A China relatou 93 novos casos locais na quarta-feira (3) e 11 infecções assintomáticas. Mais três províncias detectaram casos: o centro de Chongqing, Henan e Jiangsu na costa leste.

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Autoridades na China afirmam estar comprometidas em manter a chamada abordagem Covid Zero, embora os surtos estejam ocorrendo mais rápido, se espalhando ainda mais e driblando muitas das medidas que anteriormente controlavam o vírus. As respostas drásticas necessárias para eliminar a variante delta levaram vários outros países que buscavam a eliminação do coronavírus, incluindo Singapura e Austrália, a mudar o foco e, em vez disso, confiar nas altas taxas de vacinação para tornar o vírus endêmico.

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Pequim relatou nove infecções na quarta-feira (3), incluindo uma registrada anteriormente como assintomática. A contagem total de casos da capital na onda atual é de 38 – uma pequena contagem em comparação com a situação em outras partes do mundo – mas é a maior em Pequim desde o surto pré-delta em janeiro e fevereiro. As vendas de passagens para a cidade foram interrompidas para trens de 123 estações em 23 regiões, segundo autoridades em uma entrevista coletiva do governo.

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Autoridades do governo decretaram quarentena para alunos de duas escolas de Pequim depois que um professor foi infectado. Outras 16 foram fechadas porque seus funcionários podem ter frequentado o local de vacinação onde o professor infectado recebeu a dose de reforço recentemente.

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O Ministério do Comércio da China pediu aos residentes na terça-feira (2) que façam um estoque de suprimentos para o outono e inverno, a fim de se prepararem para futuros surtos que podem desencadear lockdowns repentinos.

Chongqing, município inexperiente no surto mais recente, iniciou os testes em massa durante a noite, à medida que autoridades buscam agir de forma decisiva durante as primeiras 24 horas após o vírus ser detectado pela primeira vez. Changzhou, uma cidade na província de Jiangsu, suspendeu as aulas desde quarta-feira (2) por pelo menos três dias, com migração para aulas on-line.

A China poderia ir muito mais longe em sua tentativa de impedir a disseminação de Covid-19. Mais de 30 mil pessoas foram testadas na Disney de Shangai no domingo (31), e os visitantes foram mantidos dentro do parque até quase meia-noite após a descoberta de uma pessoa infectada. Enquanto isso, centenas de milhares de residentes na remota cidade de Ruili, no sudeste do país, na fronteira com Mianmar (de alto risco), foram proibidos de sair por meses.

O principal especialista em saúde da China, Zhong Nanshan, está confiante de que o país poderá conter o surto atual em um mês, segundo entrevista à emissora estatal CGTN.

Apesar da tendência global de países aprendendo a coexistir com o vírus, Zhong, que ajudou o governo a conter muitos surtos desde o início da pandemia, defendeu a abordagem da China, que tem sido criticada por seu impacto na economia. Embora as restrições necessárias para controlar o vírus sejam custosas, abrir o país e permitir que o patógeno se espalhe teria um preço ainda maior, disse.

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