Bloomberg — O êxodo sem precedentes de mulheres do mercado de trabalho durante a pandemia tem empoderado as profissionais que permanecem, ajudando a estimular o ressurgimento de organizações sindicais à medida que setores como saúde, educação e varejo enfrentam forte escassez de mão de obra.
Com a maior influência de sindicatos e ativistas em meio à maior valorização dos chamados trabalhadores essenciais, profissões lideradas por mulheres, como ensino e enfermagem, lideram o movimento. As mulheres respondem por uma parcela cada vez maior da força de trabalho sindicalizada e desempenharam papel-chave em algumas das 45 greves desde agosto monitoradas pela Bloomberg Law.
Mais ação pode estar a caminho. Professores em Scranton, Pensilvânia, iniciam uma paralisação nesta quarta-feira (3). Comissários de bordo de uma operadora regional para a American Airlines autorizaram uma greve no mês passado. Trabalhadores de restaurantes do McDonald’s em 12 cidades fizeram greve em 26 de outubro para chamar a atenção para acusações de assédio sexual.
E enquanto greves de trabalhadores de fábricas de tratores da Deere e da empresa de cereais Kellogg são as de maior visibilidade nos últimos tempos, especialistas dizem que setores com maior porcentagem de mulheres devem definir a agenda para os direitos dos trabalhadores nos próximos anos.
“Os líderes mais dinâmicos do movimento sindical, tanto em nível nacional quanto local, são mulheres”, disse Brishen Rogers, professor do Centro de Direito da Universidade de Georgetown, com foco em direito trabalhista. “Classe e gênero estão completamente interligados.”

Rogers destaca sindicalistas como Liz Shuler, recentemente nomeada a primeira mulher presidente da AFL-CIO, a maior federação sindical dos Estados Unidos; Sara Nelson, presidente internacional da Associação de Comissários de Bordo; e Mary Kay Henry, líder do Sindicato Internacional de Empregados de Serviços. Elas enfatizaram a necessidade de priorizar não apenas salários e benefícios, mas também questões que são tradicionalmente menos proeminentes - como licença médica remunerada, níveis mínimos de funcionários, flexibilidade de horários, saúde mental e segurança no local de trabalho.
Esses tópicos ganharam destaque nos últimos 18 meses durante a pandemia, quando manter enfermeiros e professores na linha de frente era prioridade. Os trabalhadores fizeram sacrifícios para manter o status quo, mesmo quando muitos viram suas próprias responsabilidades de cuidar dos filhos aumentar. Agora, buscam mudanças na forma de melhores contratos e uma voz maior nos sindicatos dos EUA.
“A imagem pública de um sindicato ainda está na manufatura”, disse Kate Andrias, professora da Escola de Direito da Universidade Columbia. “Mas muitas das organizações mais inovadoras e eficazes nos últimos anos ocorreram em empregos no setor de serviços, dominado por mulheres.”
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