De olho no Fed e precatórios, Ibovespa opera no vermelho

Mercados domésticos ainda realizam ajustes após a ata do Copom na manhã de hoje se mostrar mais dura do que o esperado

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São Paulo — O principal índice da B3 volta do feriado em queda na primeira hora do pregão desta quarta-feira (3), marcada pela decisão de juros do banco central americano e a expectativa de que o plenário da Câmara vote a proposta de emenda constitucional (PEC) dos precatórios. O mercado doméstico avalia ainda a ata da última reunião do Copom, divulgada na manhã de hoje, que mostrou que o Comitê chegou a cogitar uma alta maior que o 1,5 ponto percentual.

Conforme relatório do Goldman Sachs, “a ata foi significativamente mais hawkish do que o comunicado da reunião do Copom, com o BC sinalizando uma postura monetária significativamente restritiva com uma taxa terminal visivelmente acima do cenário básico (onde a Selic atinge um pico de 9,75% no início de 2022).”

“Além disso, o Copom ainda pretende levar a inflação para a meta em 2022, o que vemos como uma tarefa difícil para em nossa avaliação que provavelmente exigiria uma Selic em torno de 12% -13% no início de 2022 (validando um impacto significativo na atividade) seguido por cortes nas taxas no final de 2022, a fim de evitar uma queda na meta de 2023″, disse o texto assinado pelo diretor do banco, Alberto Ramos.

  • Perto das 10h45, o Ibovespa caía 1,19%, a 104.294 pontos
  • O dólar subia 0,11%, a R$ 5,719, assim como os vencimentos dos juros. O DI para janeiro de 2023 subia de 12,280% para 12,455%, enquanto o vencimento para janeiro de 2027 ia de 12,530% para 12,540%
  • Nos EUA, as bolsas operam mistas à espera da decisão de juros. O Dow Jones caía 0,32%, e o S&P 500 0,09%, enquanto o Nasdaq subia 0,06%

Contexto

Os investidores globais focam hoje na decisão de juros do Federal Reserve, na expectativa de um anúncio sobre o início do tapering, a redução das compras de títulos iniciadas com a pandemia para amortecer a economia americana.

De acordo com relatório do BTG Pacutal digital, o “Fed deve seguir vendo progresso da economia em direção aos seus objetivos e iniciar ajuste da política monetária”. O texto assinado por Álvaro Frasson, Arthur Mota, Leonardo Paiva e Luiza Paparounis, diz esperar a “redução do programa de compra de ativos (tapering) na reunião do Fomc neste mês de novembro, começando o processo no meio do mês e encerrando o programa até a metade de 2022.”

A redução do programa de compra de ativos tem por consequência uma pressão altista e de abertura da curva de juros americana e global. O movimento de abertura de curva vem acompanhado de um fortalecimento do dólar versus os principais pares globais, em especial moedas emergentes frágeis e de países com baixa taxa de juros.

BTG Pactual digital

Enquanto isso, no mercado doméstico, a expectativa é de que o presidente da Câmara, Arthur Lira, possa colocar na pauta do plenário da Casa a votação da PEC dos precatórios ainda hoje. Uma possível aprovação abriria espaço para que o governo avance com o novo programa social, o Auxílio Brasil.

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