Falta de chips atinge títulos de empresas de autopeças no México

Problemas no país espelham o déficit que afetou cadeias de suprimentos mundiais e que pode custar US$ 210 bilhões em vendas das montadora

Títulos da Nemak e Metalsa, fabricantes de peças para veículos no mundo todo, mostram os piores retornos entre pares de mercados emergentes nas últimas seis semanas
Por Justin Villamil
01 de Novembro, 2021 | 03:29 PM

Bloomberg — A escassez de semicondutores abala as cadeias de suprimento globais, mas poucos fornecedores de autopeças foram tão atingidos quanto os do México.

Os títulos da Nemak e Metalsa - fabricantes de blocos de motor, caixas de transmissão, para-choques e tanques de combustível usados em veículos no mundo todo - mostram os piores retornos entre pares de mercados emergentes nas últimas seis semanas.

As empresas sentem o impacto de forma mais aguda do que rivais porque, embora a escassez de chips afete a produção de automóveis globalmente, algumas das linhas de montagem mais atingidas estão nos EUA, Canadá e México, onde a maior parte das peças da Nemak e da Metalsa é usada. A queda da demanda é tão forte - a indústria de autopeças tem um grande peso na economia - que, segundo o banco central, poderia eliminar até um ponto percentual do crescimento este ano.

“Se olharmos para a escassez global de chips, a região mais atingida foi a América do Norte”, disse Guido Vildozo, analista automotivo sênior da IHS Markit, em Boston.

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Os problemas no México espelham o déficit que afetou cadeias de suprimentos mundiais e que pode custar US$ 210 bilhões em vendas das montadoras. Na semana passada, a General Motors disse que a falta de chips prejudicaria o desempenho em 2022, depois de divulgar queda de 25% na receita. Segundo a Ford Motor, as fábricas não funcionarão a todo vapor até o fim do ano que vem e a crise de chips pode se estender até 2023.

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Os títulos da Nemak e da Metalsa começaram a cair entre meados e fim de setembro, conforme os efeitos da escassez de chips nas montadoras se tornavam mais claros, segundo Sebastian Hofmeister, estrategista da Lucror Analytics que rebaixou a recomendação para os títulos com vencimento em 2031 da Nemak de compra para manutenção na semana passada.

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“Os problemas da cadeia de suprimentos e, especialmente a escassez de semicondutores, começam a se espalhar pelos créditos na América Latina”, disse Roger Horn, estrategista sênior da SMBC Nikko Securities America, em Nova York. “É muito difícil saber quanto tempo isso vai durar, mas alguns detentores de títulos acreditam que pelo menos um ano.”

Isso poderia representar um sério problema para a economia do México, onde veículos e peças representam quase 25% das exportações, que totalizaram mais de US$ 120 bilhões em 2019 antes de a pandemia limitar a produção. O México também é um elo importante na cadeia de suprimentos automotiva global como o quarto maior exportador de veículos e peças em geral, de acordo com o Centro de Comércio Internacional.

O volume de produção da Nemak caiu 23% no último trimestre. Executivos culparam a queda na produção de veículos leves devido à escassez de chips. A empresa tem se concentrado em melhorar a eficiência e acredita que os fundamentos da indústria continuam fortes, disse um porta-voz.

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