Risco de contágio aumenta com próximo vencimento da Evergrande

Investidores examinam a incorporadora em busca de pistas sobre a gravidade da crise de liquidez

Pagamento do cupom daria mais tempo à Evergrande, que tenta levantar fundos por meio da venda de ativo
Por Rebecca Choong Wilkins
28 de Outubro, 2021 | 10:04 AM

Bloomberg — O prazo final para o pagamento de um título da China Evergrande se aproxima e investidores examinam a incorporadora em busca de pistas sobre a gravidade da crise de liquidez que mina a confiança em outras rivais altamente endividadas.

O período de carência de 30 dias para o pagamento do cupom de US$ 45,2 milhões pela Evergrande, que venceu em 29 de setembro, termina na sexta-feira. O prazo final coincide com uma onda vendedora de títulos com grau especulativo chineses liderada na quinta-feira pelo Kaisa Group, um dos maiores emissores de dívida em dólar do setor imobiliário.

A Evergrande surpreendeu alguns investidores na semana passada ao pagar outro cupom vencido no fim do período de carência. Os preços dos títulos em dólar da empresa permanecem em níveis muito baixos enquanto credores se preparam para uma possível reestruturação da dívida, que poderia ser uma das maiores vistas na China.

Autoridades em Pequim pediram ao fundador da Evergrande, Hui Ka Yan, para ajudar a pagar as obrigações da incorporadora com sua própria fortuna, mas seu patrimônio revelado representa apenas uma fração dos passivos de mais de US$ 300 bilhões da empresa.

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Veja mais: China diz a fundador da Evergrande para pagar dívida com fortuna

A especulação sobre um default ronda o setor há meses, contagiando o mercado de crédito entre outras incorporadoras com crise de caixa e minando a confiança no segmento imobiliário chinês que, de acordo com alguns indicadores, responde por mais de 25% da economia.

O pagamento do cupom daria mais tempo à Evergrande, que tenta levantar fundos por meio da venda de ativos. Mas a inadimplência poderia ativar cláusulas de default de outros títulos em dólar da empresa e permitir que credores tomem medidas para proteger seus interesses.

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Também seria mais difícil para a Evergrande levantar fundos com a venda de ativos. No geral, empresas em default precisam obter aprovação dos credores sobre vendas futuras. Os detentores de títulos podem optar por entrar com um pedido de recuperação judicial, por exemplo.

A incorporadora já contratou assessores, e autoridades chinesas começaram a preparar as bases para uma possível reestruturação, reunindo especialistas jurídicos e contábeis para examinar as finanças do grupo.

A Evergrande tem uma série de pagamentos de cupons à frente. A empresa está em atraso no pagamento de juros de pelo menos dois outros títulos e tem outros quatro com vencimento até o final do ano. O próximo grande vencimento é de um título de US$ 2 bilhões de dólares que vence março.

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