Escassez de dispositivos Apple ameaça festas de fim de ano como nunca

Embora a espera por um produto da Apple não seja novidade, a escassez de produtos este ano pode colocar em cheque o que poderia ser o maior trimestre de vendas da companhia em sua história

Tienda Apple
Por Mark Gurman
21 de Outubro, 2021 | 05:13 PM

Bloomberg — Quem pretende buscar dispositivos da Apple nesta temporada de festas enfrenta uma realidade nada animadora: quase tudo levará semanas para chegar.

Os pedidos dos produtos mais novos da empresa - iPhone 13, iPad mini, iPad de 9ª geração, Apple Watch Series 7 e MacBook Pro - não serão atendidos até novembro ou dezembro. Mesmo alguns dispositivos mais antigos, incluindo o iMac anunciado em abril, o Mac Pro, e algumas configurações mais caras do MacBook Air, estão enfrentando atrasos.

Ter que esperar por um produto da Apple não é novidade. O lançamento anual do iPhone e outros produtos mais desejados sempre geraram longas filas e acúmulo de encomendas. Mas este ano os atrasos estão ainda mais onipresentes. E isso ameaça pôr em cheque o que poderia ser o maior trimestre de vendas da Apple em sua história.

A empresa deve gerar cerca de US$ 120 bilhões nos últimos três meses do ano, um aumento de 7% em relação ao ano anterior. Isso é mais do que as vendas trimestrais combinadas da Best Buy, Costco Wholesale, Walt Disney e Target.

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Em um ano em que a Apple deveria estar desfrutando de um de seus maiores ciclos de atualização de produtos, navegar na crise da oferta é o “elefante na sala”, sugeriu Dan Ives, analista da Wedbush Securities.

O iPhone, carro-chefe da Apple, responsável por cerca de metade de suas vendas - é o mais afetado pela escassez. Um mês depois de ser colocado à venda, é difícil encontrar o iPhone 13 Pro em qualquer cor, configuração ou tamanho. Não costumava ser tão grave em anos anteriores, é o que dizem alguns funcionários de lojas da Apple, que têm tido que lidar com um número crescente de clientes frustrados.

Se o pedido de um produto for feito no site da Apple nos Estados Unidos, a previsão de chegada é entre 18 e 26 de novembro, próximo ao feriado de Ação de Graças, nos EUA. As mesmas datas se aplicam aos mais novos iPads. E a escassez se estende às lojas físicas da empresa, com a maioria dos pontos de venda sem receber, ou recebendo poucas unidades da maioria dos modelos.

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Uma porta-voz da Apple de Cupertino, na Califórnia, não quis comentar.

A temporada também não está indo bem para outros gigantes da tecnologia. Uma parcela considerável dos novos modelos do Pixel 6 da Google ficaram sem estoque, enquanto a mais recente série de dispositivos da Amazon.com não será lançada antes do final de 2021. O PlayStation 5 da Sony ainda está com pouca oferta depois de ser colocado à venda por quase um ano, e a Samsung Electronics alertou sobre a escassez de seus produtos também.

Os problemas vão muito além do mundo da tecnologia. Um congestionamento nos portos dos EUA e a falta de mão de obra ajudam a explicar as prateleiras vazias - de presentes, alimentos e outros itens - durante a temporada de festas. A situação gira em torno da recuperação da economia num momento de maior reabertura da pandemia da Covid-19, e o governo Biden está se empenhando para resolver os gargalos.

Para a Apple, certos componentes foram particularmente difíceis de obter. A falta de suprimentos de fabricantes de chips, como a Broadcom e a Texas Instruments, forçou a Apple a reduzir suas metas de produção do iPhone 13 para 2021 em até 10 milhões de unidades, informou a Bloomberg este mês.

O CEO da Apple, Tim Cook, alertou sobre as restrições, na última teleconferência de lucros trimestrais da empresa, explicando que são parte de uma escassez mais generalizada na indústria. A Apple apresentará seus ganhos fiscais do quarto trimestre, em 28 de outubro.

Dada sua capacidade de mitigar problemas da cadeia de suprimentos no passado, a Apple poderia corrigir o desequilíbrio antes do final de dezembro. Wall Street costuma ser otimista. Lançar tantos produtos ao mesmo tempo é visto como um sinal de confiança.

“As declarações da Apple sugerem que ela é significativamente melhor em lidar com essas interrupções”, em comparação com outros fabricantes, disseram os analistas do Citigroup, Jim Suva e Asiya Merchant em um relatório.

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Mas mesmo alguns produtos mais antigos da Apple estão difíceis de encontra e isso sim é um sinal preocupante. O site da Apple mostra que as novas remessas do iPhone 11 não chegarão até meados de novembro, enquanto o iPhone 12 está tem entregas previsats entre o final deste mês e o início do próximo mês. Funcionários do varejo disseram que esses aparelhos também estão em falta ou fora de estoque em muitas lojas de todo o país.

Os consumidores estão esperando um mês ou mais pelo Apple Watch Series 7, que foi lançado no início deste mês. Esse dispositivo teve problemas de produção relacionados à sua tela. Atrasos semelhantes estão afetando os relógios mais antigos da Apple também.

O novo MacBook Pro foi colocado à venda na segunda-feira (18) e em pouco tempo viu as datas de envio dos pedidos já estavam programadas para meados e final de novembro, dependendo da configuração.

Itens menos caros, que geralmente servem como presentes mais acessórios, são mais fáceis de conseguir. Os novos AirPods e antigos AirPods Pro da empresa, os fones de ouvido AirPods Max, o HomePod mini, o localizador de itens AirTag e o Apple TV estão todos disponíveis para envio quase imediato no site da Apple e em muitas lojas físicas.

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Mas mesmo alguns dos produtos menos sofisticados da Apple não estão disponíveis. Isso inclui o pano de limpeza que a empresa lançou esta semana, que custa US$ 19.

O “iCloth” foi ridicularizado na internet - especialmente por seu preço - e ainda assim, um número suficiente de pessoas comprou o produto a ponto de torná-lo escasso também. Os novos pedidos podem leva até três meses para chegar.

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