Decisões políticas vindas da Rússia e dos EUA trazem um respiro aos mercados

Bolsas europeias recuperam parte das perdas de ontem com disposição de Putin em exportar mais gás ao continente; futuros de índices em NY sobem ante possível acordo entre forças políticas

atenção continua dirigida ao comportamento dos preços das matérias-primas de energia sobre a inflação, que pode afetar o crescimento global
07 de Outubro, 2021 | 06:46 AM

Barcelona, Espanha — Não estava no script, mas as investidas das altas esferas políticas da Rússia e dos Estados Unidos acabaram trazendo alívio aos mercados internacionais. Depois de uma jornada muito volátil, quando as preocupações em torno da inflação e do crescimento econômico global deram o tom, hoje tanto as bolsas europeias como os futuros de índices em Nova York operam em alta.

Ontem, quando os preços do gás chegaram a disparar 40% em poucos minutos, o presidente russo Vladimir Putin disse que o país poderia exportar volumes recordes do combustível para a Europa neste ano. A declaração ajudou a baixar as cotações e a atenuar o temor de que os preços da energia castiguem ainda mais o continente, sobretudo agora que o inverno se aproxima.

Ao mesmo tempo em que Putin saiu ao resgate, seu primeiro-ministro, Alexander Novak, indicou a necessidade de acelerar a certificação do controverso gasoduto de gás natural Nord Stream 2, construído sob o Mar Báltico entre a Rússia e a Alemanha e cujo processo de licenciamento vem se arrastando em um complicado jogo político.

É bom frisar que...
  • O aumento desmesurado dos preços das matérias-primas energéticas, como petróleo, gás natural e carvão – pode prejudicar seriamente a recuperação econômica global, alimentando as taxas de inflação e afetando negativamente a renda disponível das famílias e as margens de lucro corporativas.

Ler mais: Rússia oferece ajuda para crise do gás na Europa, mas faz lobby por gasoduto

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Do lado dos Estados Unidos, o alento ao mercado veio com aproximação entre democratas e republicanos no Senado. As duas forças políticas parecem estar perto de chegar a um acordo sobre um aumento temporário do teto da dívida até dezembro, o que aliviaria o risco imediato de um calote – situação considerada improvável pelo mercado, mas que cria bastante ruído.

Ler mais: EUA: Líder republicano oferece acordo para elevar teto da dívida

No mais, o mercado financeiro também está acompanhando os próximos capítulos de:

  • atuação do Banco Central Europeu (BCE) – a autoridade monetária divulgará a ata de sua última reunião. Os analistas esquadrinharão o documento para encontrar alguma pista sobre a política de recompra de títulos. O BCE informou que está trabalhando em um novo programa de compra de títulos para evitar turbulências no mercado quando os planos atuais forem concluído.
  • desemprego e criação de vagas nos Estados Unidos, que serão divulgados amanhã pelo Departamento do Trabalho. Os números podem indicar ao mercado os cenários possíveis para a política monetária que será aplicada pelo Federal Reserve.
  • o presidente norte-americano Joe Biden planeja encontrar-se virtualmente com o presidente chinês Xi Jinping antes do final do ano, disse um alto funcionário dos EUA. Espera-se que algumas das tensões entre as duas maiores economias do mundo sejam dirimidas.
  • decisão de política monetária do banco central da Índia amanhã

As bolsas na Europa se comportavam assim na manhã de hoje:

  • o Stoxx 600 Europe Index operava com 0,97% de alta, aos 455 pontos às 11h40 CEST (6h40 no horário de Brasília)
  • o alemão DAX subia 1,10%, para 15.138 pontos
  • em Paris, o CAC 40 avançava 1,19%, para 6.570 pontos
  • o londrino FTSE 100 elevava-se 0,72%, aos 7.046 pontos
  • o IBEX 35 ganhava 1,63%, aos 8.917 pontos

Futuros de ações nos EUA

  • o S&P 500 futuro subia 0,55% às 11h40 CEST (6h40 no horário de Brasília) para os 4.378 pontos
  • os contratos indexados ao índice Dow Jones ganhavam 0,39%, aos 34.426 pontos
  • os contratos futuros indexados ao índice Nasdaq ascendiam 0,89%, para 14.889 pontos

Como fechou Wall Street ontem

As bolsas conseguiram reverter as perdas com a possibilidade de um acordo entre democratas e republicanos. O S&P 500 terminou com 0,41% de alta, aos 4.363 pontos. O Dow Jones Industrial avançou 0,30%, somando 34.416 pontos. Já o Nasdaq valorizou-se 0,47%, totalizando 14.501 pontos.

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Mercados asiáticos

As bolsas da China continental estão fechadas devido à festividade da Semana Dourada e reabrem amanhã. O Hang Seng fechou com 3,07% de alta, aos 24.701 pontos. As ações asiáticas receberam um impulso das ações de tecnologia cotadas em Hong Kong, que saltaram de um recorde de baixa. No Japão, Nikkei 225 subiu 0,54%, situando-se aos 27.528 pontos.

Confira o comportamento de outros mercados na manhã de hoje:

Petróleo

  • em Nova York, os contratos futuros de petróleo perdiam 2,18% às 11h40 CEST (6h40 no horário de Brasília), para US$ 75,75 por barril.

Moedas

  • o euro era negociado com alta de 0,03% a US$ 1,1562
  • o iene subia 0,03%, para US$ 111,45
  • a libra esterlina tinha 0,05% de alta, cotada a US$ 1,3593

Ouro

  • o ouro futuro caía 0,13%, para US$ 1.759 a onça troy

Cripto

  • o bitcoin cedia 1,34%, para US$ 54,166 mil.

Ler mais: Bitcoin rema contra maré, atinge US$ 55 mil e investidor vê nova máxima

-- Com informações da Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.