G-20: Xi Jinping não comparecerá à cúpula, afirma representante da China

Expectativa é que líder chinês participe da COP26, que ocorrerá em Glasgow no fim do mês

Líder chinês participa de reuniões virtualmente
Por Chiara Albanese, Alberto Nardelli e John Follain
06 de Outubro, 2021 | 10:08 AM

Bloomberg — Diplomatas chineses informaram a membros do G-20 que o presidente Xi Jinping não planeja comparecer pessoalmente à cúpula do grupo na Itália neste mês, segundo quatro pessoas familiarizadas com o assunto.

A mensagem foi transmitida em uma reunião de representantes do G-20 (conhecidos como sherpas) em Florença no mês passado. Os enviados chineses citaram os protocolos de Covid da China – que podem incluir ordens de quarentena para viajantes que retornam ao país – como um dos motivos pelos quais Xi não pretendia ir a Roma, disseram três dessas pessoas.

As fontes disseram que não houve comunicação sobre o assunto desde então, e a Itália, que está realizando o G-20 este ano, ainda não recebeu uma resposta oficial. Pequim frequentemente anuncia os planos de viagem do presidente com pouca antecedência, e qualquer decisão final pode não ser informada ao governo do primeiro-ministro Mario Draghi até uma data mais próxima da cúpula, que começa em 30 de outubro.

O governo italiano não quis comentar. As embaixadas da China em Londres e Roma não responderam aos pedidos de comentários.

PUBLICIDADE

Xi não sai da China país desde meados de janeiro de 2020, o período mais longo que qualquer líder do G-20 passou em seu país, embora tenha participado de reuniões virtuais, incluindo uma reunião do BRICs no mês passado, e realizado dezenas de teleconferências individuais com colegas.

A reunião do G-20 ocorre em um momento crucial para as relações internacionais, com tópicos que variam entre mudança climática e suprimentos de vacinas contra Covid e obstáculos para a economia global devido à escassez de diversos fatores, como mão de obra, semicondutores e energia. O posicionamento da China é fundamental para muitas dessas questões, e a ausência de Xi dificultaria ainda mais um acordo substantivo, segundo a mensagem transmitida por diplomatas.

Veja mais: Crise energética mostra fragilidade de era da energia limpa

PUBLICIDADE

As cúpulas também oferecem uma chance para os líderes se reunirem entre si, e essas negociações bilaterais costumam ser as mais bem-sucedidas na resolução de diferenças. A China e os Estados Unidos continuam envolvidos em tensões a respeito de comércio, tecnologia, direitos humanos e a assertividade estratégica de Pequim na Ásia, incluindo para com Taiwan, ilha governada democraticamente que a China considera seu território.

O presidente dos EUA, Joe Biden, e Xi falaram ao telefone no mês passado em uma conversa que rendeu pouco e na qual o presidente chinês não aceitou uma proposta para um possível encontro pessoal. Mesmo assim, o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, se encontrará com o importante diplomata chinês Yang Jiechi na Suíça esta semana.

A cúpula do G-20 ocorre às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP26, na qual os líderes tentarão chegar a um acordo para manter as temperaturas globais sob controle e chegar às emissões zero até 2050, bem como arrecadar dezenas de bilhões de dólares para sustentar transições para regimes sustentáveis em países em desenvolvimento. Como um dos maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa do mundo, o papel da China é considerado fundamental para chegar a um acordo global.

Diplomatas europeus não acreditam que Xi participará da COP26, que será realizada em Glasgow, caso perca a cúpula de Roma. O governo do Reino Unido, que será o anfitrião da reunião sobre o clima, espera que o presidente chinês apareça. Uma pessoa familiarizada com os preparativos para a COP26 disse que ainda não havia confirmação se Xi participaria.

Veja mais: Quais são os investimentos milionários que aumentam a influência da China na AL

O momento do G-20 também é possivelmente delicado para Xi em seu país. O partido governante da China se reunirá pela primeira vez em mais de um ano em novembro, preparando o terreno para um congresso partidário quinquenal que ocorrerá em 2022 e poderá estender seu mandato.

Veja mais em Bloomberg.com

PUBLICIDADE

Leia também

Exterior no vermelho dita humor local, com foco em varejo: Breakfast