Bloomberg — Um dos sindicatos mais poderosos de Hollywood votou pela autorização de uma greve, ameaçando uma paralisação que poderia afetar os estúdios de cinema e TV que ainda tentam se recuperar das suspensões das filmagens causadas pelo Covid-19.
A decisão foi quase unânime, com 98% dos votos a favor da autorização, segundo funcionários da International Alliance of Theatrical Stage Employees (Aliança Internacional de Funcionários de Palco de Teatro ou IATSE, na sigla em inglês) na segunda-feira (4). Cerca de 60 mil membros da IATSE, a maioria de Los Angeles, poderiam abandonar seus postos de trabalho se a liderança do sindicato decidisse pela greve.
A votação dá margem de negociação adicional ao Presidente da IATSE, Matthew Loeb, que disse em uma carta de 1º de outubro aos membros que “os produtores não responderam às nossas prioridades centrais de maneira significativa”.
Mais tarde na segunda-feira (4), o site Deadline.com informou que os dois lados concordaram em se encontrar na terça-feira (5) para as primeiras negociações em mais de dois meses.
Os trabalhadores estão pleiteando jornadas mais curtas em um novo contrato. Os cronogramas de produção têm sido muito cansativos desde que a indústria começou a reabrir após as interrupções causadas pela pandemia. A IATSE nunca entrou em greve. Os cargos envolvidos são funções críticas nos bastidores, incluindo operadores de câmera, editores e diretores de arte.
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Três das unidades do sindicato têm escopo nacional, o que significa que uma greve desses grupos interromperia o trabalho em todo o país, afetando quase 1 milhão de empregos diretamente ligados à produção de cinema e TV.
Os estúdios de cinema e TV se esforçam para crescer após o fechamento devido à pandemia e com as novas precauções de saúde em vigor. A Netflix e a Walt Disney citaram os desafios de obter uma nova programação para seus serviços de streaming como um dos fatores do crescimento mais baixo que o esperado em termos de assinaturas.
A Alliance of Motion Picture and Television Producers (Aliança de Produtores de Cinema e Televisão, ou AMPTP, na sigla em inglês), que representa grandes estúdios, como a Netflix e a Amazon, havia dito anteriormente que “apresentou uma proposta abrangente negociação que aborda de forma significativa os principais problemas na negociação com a IATSE”.
Depois que a votação foi anunciada, o grupo disse na segunda-feira (4) que está “comprometido” em trabalhar com a IATSE para “evitar o fechamento da indústria em um momento tão crucial, principalmente porque esta ainda se recupera das consequências econômicas da pandemia”.
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Quais são os principais pontos?
Os pontos principais da negociação, segundo o sindicato, são os intervalos para descanso e refeição e um salário mais alto para os trabalhadores com remuneração mais baixa, que recebem cerca de US$ 15 por hora. Os membros também estão buscando mais receita com serviços de streaming, já que alguns dos novos empregos na área de mídia não pagam os mesmos salários nem contribuem para a previdência como o trabalho tradicional de cinema e TV.
Ambas as partes da negociação ainda lembram da greve de roteiristas de 13 anos atrás, que durou 100 dias. O custo à indústria foi de US$ 2 bilhões, segundo o Milken Institute, afetando outros setores além da indústria, desde restaurantes a alfaiates, que dependem da produção para seus negócios.
Um relatório de 2021 da Motion Picture Association estimou que 2,5 milhões de pessoas trabalharam na indústria de cinema e televisão dos Estados Unidos – 910 mil desses cargos são diretamente relacionados à produção e distribuição.
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