Apartamentos espaçosos em São Paulo são aposta após pandemia, diz You,inc

Incorporadora especializada em espaços compactos aposta em unidades maiores após meses de confinamento mudarem direcionamento das buscas

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Bloomberg — A pandemia confinou milhões de brasileiros a suas casas durante boa parte de 2020 e ao longo deste ano, uma vez que a adoção de restrições transformaram salas em escolas improvisadas, escritórios e até mesmo em peculiares salas de ginásticas. Isso levou a You,inc, incorporadora que domina o mercado apartamentos compactos da cidade de São Paulo, a sair em busca de mais espaço.

“Na nossa nova safra, mais de 50% são de apartamentos de três e quatro dormitórios”, disse o CEO da empresa, Abrão Muszkat, em entrevista por videoconferência.

A empresa, com sede em São Paulo, pretende lançar R$ 800 milhões até dezembro, que se somarão aos R$ 400 milhões lançados no primeiro semestre. Até antes da pandemia, 70% dos lançamentos eram concentrados em imóveis compactos e apenas 30% focados em unidades maiores.

A ampliação da oferta de imóveis maiores ocorre após pesquisas de inteligência detectarem uma nova demanda por áreas para se trabalhar em casa, consequência direta da pandemia de Covid-19.

A empresa vai iniciar a atuação em apartamentos acima de 100 metros quadrados e com preços que podem chegar a R$ 30 mil o metro, no caso de um projeto nos Jardins com assinatura do renomado arquiteto Arthur Casas. É mais do que o triplo do preço médio por metro quadrado na cidade de São Paulo, segundo índice FipeZap.

A demanda pelos compactos -- unidades de 24 a 45 metros quadrados, com no máximo um dormitório -- ainda continua firme em certas localizações, diz o executivo.

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Um empreendimento em Perdizes próximo da Pontifícia Universidade Católica (PUC), uma das mais maiores universidades privadas do país, e da futura linha laranja do metrô foi 80% vendido no final de semana do lançamento em agosto, segundo Muszkat. Em 2021, até junho, a empresa registrou um total R$ 398 milhões de vendas brutas, um crescimento de quase 100% do mesmo período do ano passado.

São Paulo, cidade com cerca de 12 milhões de habitantes, se tornou um canteiro de obras, com a combinação da demanda resultante da pandemia e da queda da taxa e juros a piso histórico.

O boom impulsionou preços de materiais de construção. O índice nacional de construção civil acumulou alta de 17% em 12 meses até agosto, mas houve aumentos de 50%, 60% em alguns produtos, diz Muszkat.

O CEO já vê sinais de arrefecimento dessa pressão de custo, tendência que deve continuar no terceiro trimestre, atenuando o impacto do atual ciclo de alta dos juros. O Copom elevou a taxa Selic para 6,25%, uma alta de 425 pontos base desde o início do ciclo de aperto monetário em março.

“Mas enquanto a Selic não chegar a dois dígitos, o mercado imobiliário anda muito bem”, disse.

A construtora fez aumento médio de 10% nos preços em nove meses. Até agora, os clientes finais tem suportado a alta, disse o CEO, mas ainda deve haver um aumento de preços de 15% a 20%, que não ocorrerá em uma tacada, mas sim de forma gradual.

No momento, a empresa mantém congelado planos de ir à bolsa. A You,inc desistiu de abrir capital em agosto de 2020 citando a conjuntura de mercado.

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