Fusão Hapvida-GNDI tem ‘alto risco’ de restrições pelo Cade, diz Bradesco

Analistas dizem que a venda de carteiras poderá ser “remédio” para superar problemas de concentração

Cade vai se aprofundar nas questões de concentração identificadas e pode solicitar a prorrogação do prazo de análise de até 90 dias
27 de Setembro, 2021 | 12:58 PM

São Paulo — As primeiras avaliações do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre a proposta de fusão entre as empresas de saúde Hapvida e GNDI (Grupo NotreDame Intermédica) confirmam o alto risco de o negócio, anunciado em março, se concretizar com restrições limitadas. A avaliação consta de um relatório do Bradesco BBI e da Ágora Investimentos, enviado aos clientes nesta segunda-feira (27).

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Os analistas Marcio Osako (Bradesco BBI) e Maria Clara Negrão (Ágora Investimentos) escrevem que há uma “pequena sobreposição” entre as duas companhias, citando que apenas 9% da base de planos médicos possui potenciais problemas de concentração, que podem ser tratada com remédios (por exemplo, venda de carteiras). “Observamos que tais soluções devem representar menos de 9% dos usuários, visto que envolveriam apenas uma das duas associações em cada mercado”, dizem.

Desde o anúncio da fusão, no fim do primeiro trimestre, o mercado já esperava que o Cade identificaria problemas de concentração no acordo entre a Hapvida e a GNDI.

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Na última sexta-feira (24), a Superintendência Geral de Defesa da Concorrência declarou complexo o caso, com base em altas concentrações, reduzida rivalidade e altas barreiras de entrada em alguns mercados decorrentes da fusão, em planos médicos dos segmentos corporativo e afinidade.

“Esses mercados problemáticos do ponto de vista antitruste representam aproximadamente 10% e 20% do total de usuários do HAPV-GNDI nos respectivos segmentos, que juntos representam apenas 9% da base total de planos médicos em nossa estimativa (dado que 74% dos planos são corporativa, 8% de afinidade e 18% de pessoas físicas). Esse número está em linha com os 7,5% antecipados pelas empresas ao encaminharem o pedido de homologação ao Cade”, diz o relatório.

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Os analistas observam ainda que o Cade também indicou preocupações competitivas relacionadas à estratégia de verticalização, especialmente em alguns mercados com oferta limitada de leitos hospitalares.

“As empresas, entretanto, notaram apenas uma sobreposição em hospitais (em Belo Horizonte, MG, mas a participação de mercado é inferior a 20%) e quatro em centros médicos (Joinville, SC, Uberlândia, MG, Belo Horizonte, MG, e Contagem, MG)”, observam os analistas.

Ações em queda

Os próximos passos do Cade serão analisar as eficiências econômicas potenciais resultantes da operação e se aprofundar nas questões de concentração identificadas, podendo solicitar a prorrogação do prazo de até 90 dias, totalizando até 330 dias para a decisão final (contagem iniciada em 16 de junho).

Por volta das 12h40, as ações da Hapvida registravam queda de 2,99%, cotadas a R$ 14,30, após mínima de R$ 14,28 (-3,12%) e máxima de R$ 14,66 (-0,54%). Já os papéis da GNDI recuavam 2,81%, cotados a R$ 78,04, depois de mínima de R$ 78 (-2,86%) e máxima de R$ 79,27 (-1,28%). No horário, o Ibovespa estava estável (-0,01%), aos 113.271 pontos.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.