Cinco coisas que ficaram mais caras em Miami no último ano

Miami ficou mais cara do que nunca nos últimos 12 meses; a Bloomberg Línea conversou com um professor de economia da cidade para descobrir o porquê

Cidade ficou mais cara desde o início da pandemia, e a Bloomberg Línea descobriu por quê.
Por Marcella McCarthy (Brasil)
21 de Setembro, 2021 | 06:39 AM

Miami — Embora muitas das principais cidades globais tenham sido prejudicadas durante a pandemia, Miami está florescendo. Com lojas ao ar livre, restaurantes e muitas praias, a cidade se tornou um paraíso para quem buscava um pouco de ar fresco e um vislumbre de normalidade.

Mas não são apenas os turistas – e a população do nordeste dos EUA – que estão migrando para o sul da Flórida; empresas de tecnologia, investidores e instituições financeiras também fizeram a mudança. Na semana passada, a Microsoft anunciou que abriria sua sede na América Latina em Brickell – o coração do distrito financeiro de Miami. A empresa assinou um contrato de um locação de 50 mil pés quadrados (aproximadamente 4,6 mil m²) em um edifício que ainda será construído no número 830 da Brickell.

PUBLICIDADE

No início do ano, vimos empresas como a Founders Fund, uma prestigiosa companhia de venture capital do Vale do Silício, abrir um escritório em Miami também. Não nos esqueçamos de uma das pioneiras, a BlackStone, que anunciou em outubro de 2020 que viria para a cidade e abriria mais de 200 vagas na área de tecnologia.

Com o aumento da popularidade, os preços acompanharam a tendência. A Bloomberg Línea conversou com Alex Horenstein, professor adjunto de economia da Miami Herbert Business School, da Universidade de Miami, que comentou sobre cinco coisas que ficaram mais caras na cidade apelidada de Magic City e em seus entornos. Já adiantamos que alguns itens são positivos.

Veja mais: Alimentos mais caros desde anos 70 são desafio para governos

PUBLICIDADE
  1. Hotéis: “os preços dos hotéis em Nova York continuaram os mesmos, mas em Florida Keys quase dobraram”, disse Horenstein. “Tudo relacionado ao turismo aumentou porque Miami foi um destino muito visado durante a pandemia”, acrescentou. Florida Keys se tornou um dos lugares mais caros para se visitar nos EUA; as diárias de um fim de semana de setembro em Key Largo, em um hotel quatro estrelas, variam entre US$ 299 (R$ 1.593 ao câmbio de R$ 5,33 de 20/9/2021) e US$ 1.266 (R$ 6.748), segundo o Google Travel. Como a maioria dos americanos não conseguiu viajar para o exterior desde o começo da pandemia, o turismo interno do país em geral disparou à medida que mais pessoas optam por viagens rodoviárias e destinos mais próximos. Por exemplo, o Havaí – outro ponto turístico badalado – pediu aos turistas que parassem de viajar para lá. No resto do país, a situação é um pouco diferente. De acordo com o Market Watch, um estudo durante o segundo trimestre de 2021 evidenciou que, embora os preços dos hotéis em todo o país tenham aumentado cerca de 17% desde o mesmo período do ano passado, eles estão bastante estáveis em comparação com os preços pré-pandemia.
  2. Restaurantes: “os negócios relacionados ao turismo tiveram uma recuperação mais rápida [em Miami] do que em outras cidades”, disse Horenstein. Muitos restaurantes tiveram de reduzir sua capacidade ou encerrar completamente as refeições no local, além de implementar protocolos de limpeza mais rígidos. Segundo o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA, o maior aumento visto foi nos preços de carnes, aves, peixes e ovos, que subiram 8%, ao passo que o índice de preços para carne bovina subiu 12,2% ao longo do ano. O único grupo a diminuir preço foi o de laticínios e produtos relacionados, que caiu 0,5% nos últimos 12 meses. O índice de preços de alimentação em restaurantes subiu 4,7% no ano passado. Como resultado, muitos restaurantes aumentaram os valores, incluindo o favorito de muitos: o Casa Tua Cucina, no qual, em 2019, o menu de massas começava em US$ 12 (R$ 64) e agora começa a US$ 15 (R$ 80).
  3. Aluguéis e imóveis: “os latinos donos de apartamentos em Miami estão ganhando mais dinheiro, porque suas propriedades estão se valorizando”, disse Horenstein. Com o trabalho remoto se tornando viável para tantas pessoas durante a pandemia, muitos nova-iorquinos e californianos fizeram de Miami sua casa – mesmo que temporariamente – e os imóveis vazios estão desaparecendo. Isso vale tanto para aluguéis quanto para aquisições. “Eu estava procurando uma casa em junho, e os preços aumentaram 10%-15% em apenas uma semana”, disse Horenstein. Em Brickell, lar dos bancos e arranha-céus de luxo, o aluguel de um apartamento de dois quartos varia de US$ 2,6 mil (R$ 13,9 mil) a US$ 7 mil (R$ 37,31 mil) por mês, de acordo com o Zillow. (Vimos os preços que constavam para o código postal 33130, da região central de Brickell)
  4. Seguro: se você é um proprietário, seu seguro provavelmente aumentou também, segundo Horenstein. Em geral, o preço das mercadorias subiu nos EUA, então tudo que precisaria ser substituído em caso de sinistro ficou mais caro também. Felizmente, o período de furacões já passou!
  5. Locação de veículos: se desejar viajar para Miami e alugar um carro, melhor se planejar. Além do aumento exorbitante dos preços de locação de veículos, a demanda também aumentou, deixando muitas empresas de locação de veículos com estacionamentos vazios. O que aconteceu é que, no auge da pandemia no ano passado, quando todos estavam confinados, muitas concessionárias venderam grande parte de sua frota.

Como resultado, investir em Miami ficou mais caro. Mas para aqueles que chegaram antes e já possuem imóveis há anos, a pergunta que não quer calar é: manter ou vender?

Leia também:

Investidor estrangeiro começa a tirar dinheiro da Bolsa do Brasil

PUBLICIDADE

Itália é primeiro país da UE a exigir passaporte de vacina

SpaceX leva para o espaço quatro pessoas no primeiro voo apenas com civis

Marcella McCarthy

Marcella McCarthy (Brasil)

Jornalista americana/brasileira especializada em tech e startups com mestrado em jornalismo pela Medill School na Northwestern University. Cobriu America Latina, Healthtech e Miami para o TechCrunch e foi fundadora e CEO de um startup Americano na área de EdTech. Baseada em Miami.