Primárias na Argentina enviam alerta para coalizão governista

Oposição conquistou a maioria dos distritos do país, incluindo uma vitória inesperada na província de Buenos Aires, que responde por mais de um terço do eleitorado total

Presidente Alberto Fernandez reconhece derrota e promete trabalhar para reverter os resultados
Por Patrick Gillespie e Jorgelina do Rosario
13 de Setembro, 2021 | 12:31 PM

Bloomberg — O presidente da Argentina, Alberto Fernández, prometeu reverter os resultados depois que sua coalizão sofreu a maior derrota política de seu governo, um forte indicador do clima nacional antes das eleições de meio de mandato.

Com quase todas as cédulas contadas após as primárias de domingo, a coalizão Juntos pela Mudança, da oposição, conquistou a maioria dos distritos do país, incluindo uma vitória inesperada na província de Buenos Aires, que responde por mais de um terço do eleitorado total.

O bloco de Fernández perdeu a disputa em distritos tipicamente favoráveis ao governo, como La Pampa, Chubut, Chaco, Tierra del Fuego e até mesmo Santa Cruz, a província natal da vice-presidente, Cristina Kirchner.

Embora o foco das primárias tenha sido a escolha de candidatos antes das eleições de 14 de novembro, o resultado reflete o crescente descontentamento com a estratégia de Fernández para a pandemia, com o aumento da pobreza e inflação anual de 50%. A votação é obrigatória para a maioria dos adultos, por isso as primárias de domingo mostram o desafio do governo para reverter o quadro antes das eleições legislativas, quando metade dos assentos na Câmara dos Deputados e um terço no Senado estão em disputa.

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“O resultado é um sinal muito forte das preferências dos eleitores, não apenas para o meio de mandato em novembro, mas também para as próximas eleições gerais em 2023”, disse Graham Stock, estrategista da Bluebay Asset Management, em Londres. “Isso é bom para os títulos, porque o atual governo peronista reluta em cortar o déficit orçamentário” e, especialmente, os subsídios para a energia, “enquanto a oposição tem uma abordagem mais ortodoxa para a política econômica”.

Em discurso na noite de domingo, Fernández reconheceu a derrota e prometeu trabalhar para reverter os resultados.

“Evidentemente, há algo que não fizemos certo para que as pessoas nos dessem seu apoio como desejávamos”, disse Fernández na sede da campanha do governo em Buenos Aires. “A campanha está apenas começando e ainda temos dois meses. Precisamos vencê-la.”

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Próximos passos

A coalizão de oposição venceu a província de Buenos Aires por 4,4 pontos percentuais, com 97% dos votos contados na manhã de segunda-feira. No âmbito nacional, lidera com o dobro dessa margem na disputa pela Câmara dos Deputados e com quase 16 pontos percentuais de vantagem no Senado, de acordo com dados compilados pelo jornal La Nación.

Embora investidores talvez comemorem o revés para a coalizão de Fernández, o governo agora estará sob pressão para tentar reverter esses números, o que poderia gerar mais incerteza política.

“As chances de que isso produza mudanças ministeriais antes de 14 de novembro aumentaram significativamente com esses resultados”, disse Lucas Romero, diretor da Synopsis Consultores, em entrevista por telefone.

“Os resultados das eleições primárias na Argentina são uma faca de dois gumes para as perspectivas econômicas, aumentando a esperança de uma mudança para políticas mais favoráveis ao mercado de longo prazo, mas elevando o risco de curto prazo de que o presidente Alberto Fernández aposte em políticas populistas antes das eleições de fato em 14 de novembro”, disse Adriana Dupita, economista para América Latina da Bloomberg Economics.

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