Bolsa hoje: Ibovespa fecha agosto com queda mensal de 2,5%, abaixo dos 119 mil

Pressões domésticas se somaram ao dia negativo no exterior e pesaram no índice; questões fiscais reduziram a queda do dólar, mas câmbio conseguiu fechar no vermelho

Setembro começa com problemas antigos, com tensões políticas e fiscais acompanhadas de perto
31 de Agosto, 2021 | 06:18 PM

São Paulo — O Ibovespa seguiu a tendência das bolsas globais e fechou a sessão desta terça-feira (31) em queda, elevando as perdas no mês de agosto para 2,48%. Além da pressão baixista dos índices americanos, o principal índice da B3 refletiu as preocupações domésticas, tanto com tensões políticas quanto fiscais, com as manifestações prometidas para 7 de setembro. O peso do recuo do petróleo sobre as ações da Petrobras agravou o cenário da bolsa. O dólar reduziu as perdas vistas mais cedo devido à situação fiscal e preocupações após a apresentação do Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2022.

Nos Estados Unidos, as bolsas fecharam no vermelho, mas, ainda assim, o S&P 500 conseguiu marcar o sétimo mês consecutivo de ganhos em agosto.

  • O Ibovespa caiu 0,80% na sessão de hoje, a 118.781 pontos
  • Petrobras (PETR4) foi a queda de maior peso, recuando 3,9%, e CSN (CSNA3) a maior perda percentual, caindo 5,0%
  • O dólar caiu 0,62% ante o real, a R$ 5,15;
  • a curva de juros fechou com alta principalmente na ponta mais longa. O DI para janeiro de 2027 subiu 23 pontos base, para 9,950%. Já o vencimento para janeiro próximo ficou estável, em 6,740%
  • As bolsas americanas fecharam em queda: o Dow Jones caiu 0,11%, o S&P 500, 0,13% e o Nasdaq, 0,04%

Contexto

Diversos eventos domésticos deram o tom negativo ao Ibovespa nesta terça, reduziram o recuo do dólar e estenderam as altas da ponta longa dos juros. Apesar dos dados de desemprego mais cedo medidos pela PNAD terem vindo melhores que o esperado, as pressões fiscais e políticas ainda assombram os mercados.

Durante a tarde, conforme a Reuters, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo irá “começar a trabalhar” no preço dos combustíveis, sem dizer o que será feito. O comentário afetou ainda mais as ações da Petrobras e elevaram a cautela local.

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Já no fim da tarde, o governo anunciou a criação da bandeira de escassez hídrica, com o reajuste no maior patamar da tarifa sobre a energia elétrica em 50% a partir de amanhã (1). A taxa-extra nas contas de luz subirá de R$ 9,49 para R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, explicou, conforme o Globo, que a bandeira será necessária para custear despesas decorrentes das medidas para driblar a crise hídrica.

Amanhã, a expectativa fica com a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre pelo IBGE às 9h00, horário de Brasília. As questões hídricas, fiscais e políticas seguirão no radar pelo mês de setembro. Apesar de o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, ter dito hoje que não há espaço fiscal para um novo auxílio emergencial, os planos eleitorais do presidente Bolsonaro seguem monitorados de perto.

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.