Chilena SoyMomo arrecada US$ 5 milhões para manter crianças em segurança

Empresa fabrica dispositivos para que pais possam monitorar seus filhos sem expô-los ao cyberbullying

CEO e fundador da SoyMomo, que fabrica dispositivos para crianças
Por Marcella McCarthy (Brasil)
23 de Agosto, 2021 | 08:00 PM

Miami — É difícil encontrar empresas de eletrônicos sediadas na América Latina, mas hoje a SoyMomo, fabricante de um smartwatch e tablet feito especialmente para crianças, anunciou uma rodada de financiamento da Série A de US$ 5 milhões, elevando sua avaliação para US$ 40 milhões e o total arrecadado até o momento para mais de US$ 10 milhões.

“Queremos nos tornar a Apple para crianças”, disse Aníbal Madrid, CEO e fundador da SoyMomo.

A Equitas Capital foi a única investidora.

Mas SoyMomo não está tentando fabricar um Apple Watch para crianças; em vez disso, a empresa se concentra na segurança, limitando propositalmente as capacidades do relógio. A ideia do relógio – primeiro produto da SoyMomo – era que os pais pudessem saber onde seus filhos estavam o tempo todo. Com isso em mente, o relógio tem GPS e só pode discar e receber chamadas de 20 números pré-registrados. Tanto o relógio quanto o tablet – segundo produto da empresa – também possuem software de inteligência artificial capaz de detectar conteúdo impróprio para crianças, bem como ataques de cyberbullying. A empresa também vende fones de ouvido e uma babá eletrônica.

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“Seu filho pode estar jogando qualquer jogo [em um tablet] e se outra criança enviar a ele uma mensagem de intimidação, nosso sistema detectará automaticamente o que está acontecendo na tela, fará uma captura de tela e a enviará aos pais para que eles possam apoiar o filho”, disse Madrid à Bloomberg Línea.

A ideia não é apenas acabar com o bullying, mas também avisar os pais para que eles também possam oferecer apoio emocional aos filhos. A empresa afirma que, só no ano passado, o software bloqueou mais de 36 mil ataques de cyberbullying.

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A empresa sediada no Chile lançou apenas o relógio em novembro de 2016 para aproveitar a temporada de Natal. A empresa fazia parte da Start-up Chile e da Scale Up Chile, recebendo US$ 200 mil em dinheiro livre de ações. Em 2020, a empresa lançou sua babá eletrônica e, nos últimos 12 meses, registrou faturamento de cerca de US$ 6 milhões. No exercício de 2020-2021, a empresa relata crescimento de 167%, ante 127% no ano anterior.

A empresa vende 70% de seus produtos por meio de varejistas, e os outros 30% das vendas são diretas ao consumidor (DTC) no site da SoyMomo.

A SoyMomo, que já tem equipes de vendas na Espanha e Alemanha, planeja usar o dinheiro arrecadado para se expandir para Colômbia, México e Peru, bem como melhorar seu algoritmo.

“Estamos trabalhando em uma nova versão do algoritmo que conseguirá detectar depressão com base nas ações e no histórico de pesquisa da criança”, disse Madrid. O tablet saberá quando as ações de uma criança mudam e se ela começa a procurar coisas negativas que podem estar associadas à depressão. Madrid disse que o algoritmo já está em desenvolvimento, mas estão fazendo testes extensivos antes de lançá-lo.

“Receber um falso positivo e dizer aos pais que seu filho está com depressão quando ele não está é algo que levamos muito a sério”, disse Madrid.

Madrid é formado em engenharia elétrica pela Universidade do Chile e começou a empresa depois de se tornar tio e assumir uma função de pai, já que sua irmã é mãe solteira.

“Comecei a pensar no futuro [da minha sobrinha] e percebi que crianças de três ou quatro anos estavam brincando com telefones, o que achei muito triste. Quando eu falava com seus pais e perguntava por que deram telefones aos filhos, eles diziam que queriam saber onde seus filhos estavam”, afirmou Madrid.

“Então eu viajei para a China [para procurar fabricantes]”, disse.

Marcella McCarthy

Marcella McCarthy (Brasil)

Jornalista americana/brasileira especializada em tech e startups com mestrado em jornalismo pela Medill School na Northwestern University. Cobriu America Latina, Healthtech e Miami para o TechCrunch e foi fundadora e CEO de um startup Americano na área de EdTech. Baseada em Miami.