BHP decide sair do petróleo com aposta redobrada em potássio

Empresa também aprovou um investimento de US$ 5,7 bilhões para construir fábrica de fertilizantes no Canadá

Ações da empresa negociadas em Londres chegaram a subir 9,8% depois da série de anúncios
Por Thomas Biesheuvel e James Thornhill
17 de Agosto, 2021 | 08:54 AM

Bloomberg — A BHP anunciou a mudança mais radical em seus negócios desde que a maior mineradora do mundo foi criada há duas décadas, com um plano para deixar os combustíveis fósseis e focar no que chama commodities “voltadas para o futuro”.

A BHP vai vender as operações de petróleo e gás para a Woodside Petroleum, que pagará com ações a serem distribuídas aos próprios investidores, segundo anunciou na terça-feira. A empresa também aprovou um investimento de US$ 5,7 bilhões para construir uma grande mina de fertilizantes no Canadá. Além disso, unificará a estrutura de dupla listagem por meio de uma listagem primária na Austrália. As ações da empresa negociadas em Londres chegaram a subir 9,8% depois da série de anúncios.

As decisões - que acompanham um fluxo de caixa livre recorde no ano até junho e um dividendo final de US$ 10,1 bilhões - representam um momento crucial para o CEO Mike Henry, que assumiu o comando em janeiro do ano passado. Investidores têm esperado anos por uma decisão sobre a mina Jansen, e a empresa disse anteriormente que sua dupla listagem estava sob análise depois de ser pressionada pela acionista ativista Elliott Management, que também pressionou pela saída do setor de petróleo e gás.

Desde sua nomeação, Henry busca focar a empresa em metais e minerais que se beneficiarão das iniciativas globais para reduzir as emissões, eletrificar cidades e alimentar a crescente população global. O executivo canadense deixou a Mitsubishi para entrar na BHP em 2003, herdando uma empresa que havia sido reduzida e simplificada por seu antecessor, que vendeu as operações de gás de xisto e separou ativos indesejados, mas ainda tinha que enfrentar decisões sobre o potássio, a listagem e o futuro dos combustíveis fósseis.

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“Estas são mudanças radicais”, disse Ben Davis, analista da Liberum Capital. “A nova, melhorada e não tão chata BHP.” Com a mudança na estrutura de listagem, “podem ser mais ágeis no futuro”, disse. “Não se trata apenas de mudança hoje, mas significa que haverá mais mudanças amanhã.”

A BHP gera a maior parte de seus lucros com minério de ferro e cobre - um metal central para a transição da energia verde - e se beneficiou do aumento dos preços de ambas as commodities no último ano. A empresa também tenta vender as operações de carvão térmico e está se expandindo em níquel, matéria-prima vital em baterias recarregáveis.

A BHP também finalmente aprovou o primeiro estágio de construção da mina de potássio Jansen em Saskatchewan, no Canadá, após anos de hesitação sobre o alto preço. A operação, com início de produção previsto para 2027, a tornará uma das maiores produtoras mundiais do nutriente.

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“O potássio fornece à BHP maior influência para as principais tendências globais, incluindo aumento da população, mudança de dietas, descarbonização e melhoria da gestão ambiental”, disse a empresa.

É também o mais recente sinal de que as maiores mineradoras estão prontas para abrir suas carteiras e investir em novas minas após anos de austeridade. O setor tem se concentrado no retorno aos acionistas e na redução da dívida depois de ser penalizado por investidores.

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