Ibovespa recua e dólar opera volátil, com pressões geopolíticas e domésticas

Receios fiscais e políticos no Brasil seguem pesando no sentimento do investidor, que leva o principal índice da B3 a tocar os 119 mil pontos

Situação global se soma às preocupações domésticas e investidor deixa a cautela prevalecer
16 de Agosto, 2021 | 11:04 AM

São Paulo — A situação preocupante na geopolítica com o Talibã tomando o poder no Afeganistão, além de indicadores econômicos fracos na China, com dados de indústria e varejo bem abaixo do esperado, levam os principais mercados globais a operar no vermelho. Por aqui, a bolsa brasileira absorve esse sentimento, que se soma aos receios fiscais e políticos domésticos, e perde o patamar dos 120 mil pontos, se aproximando dos níveis de maio. Nesse cenário, o dólar opera sob volatilidade, e o real figura entre as piores moedas emergentes. A ata da última reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve, aguardada para quarta-feira, adiciona cautela.

No Brasil, os desentendimentos entre o presidente Jair Bolsonaro e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) seguem no radar do mercado, que olha as tensões com preocupação. No sábado, o líder do Executivo disse que pediria o impeachment dos ministros Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso. Em entrevista ao Valor, o ministro da Economia Paulo Guedes disse que o governo poderá ter que recorrer a um “shutdown”, com suspensão de funcionamento de órgãos públicos e até de salários, caso não aprove o parcelamento de precatórios.

  • O Ibovespa caía 1,33% perto das 10h50, aos 119.608 pontos
    • Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) eram os maiores pesos negativos do índice, com quedas de 1,66%, 1,77% e 1,36%, respectivamente; commodities sofrem na sessão com os dados chineses
    • Na ponta oposta, lideram Banco do Brasil (BBAS3), Intermédica (GNDI3) e Suzano (SUZB3), com altas de 0,88%, 0,62% e 0,44%, respectivamente
  • O dólar opera sob volatilidade, alternando entre os terrenos positivos e negativos, enquanto os investidores monitoram o noticiário global e doméstico. No mesmo horário, o câmbio avançava 0,19%, a R$ 5,273
  • A curva de juros caminha em direções mistas: o DI para janeiro de 2022 opera em queda, a 6,620%; enquanto na parte longa, o para janeiro de 2027 avança, aos 9,850%.


Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.