Margem para reajuste de preços mantém inflação acelerada nos EUA

IPC americano deve mostrar alta de 0,5% nesta quarta, com acumulo de 5,3% no ano

Nível de poupança das famílias aumentou durante a pandemia
Por Reade Pickert e Olivia Rockeman
10 de Agosto, 2021 | 09:20 AM

Bloomberg — Os preços ao consumidor nos EUA devem ter se acelerado novamente em julho, com poucos sinais de que as famílias - com dinheiro poupado na pandemia - estejam evitando pagar mais por bens e serviços. Economistas projetam que os dados a serem divulgados na quarta-feira (11) mostrem alta de 0,5% do índice de preços ao consumidor. Embora o ganho representasse desaceleração em relação ao mês anterior, deixaria o índice de inflação anual em 5,3%, próximo ao maior patamar em 13 anos visto em junho.

Por quanto tempo a inflação persistirá se tornou uma questão-chave sobre a recuperação dos EUA, central para a discussão dos planos de gastos do governo Biden e para o aperto da política monetária do Federal Reserve.

Meses de dados podem ser necessários para resolver esses debates. Mas uma coisa clara é que as empresas americanas ainda possuem muita margem para reajustar os preços. Companhias que precisam pagar mais por insumos - sejam matérias-primas ou mão de obra - têm conseguido repassar esses custos para os clientes.“Neste verão, os consumidores são tomadores de preços”, disse Tim Quinlan, economista sênior do Wells Fargo.

‘Sem resistência’

Muitos dos aumentos de custos enfrentados pelas empresas são influenciados por questões da cadeia de suprimentos de natureza global, como os preços das commodities em alta e transporte de cargas sobrecarregado.Mas a capacidade de repassar esses custos mais altos depende da demanda, que varia de acordo com o país e parece ser especialmente forte nos EUA. Os aumentos de preços nos EUA “superam em muito o que está acontecendo no resto do mundo”, disseram economistas do Instituto de Finanças Internacionais em relatório na semana passada.

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Os programas de estímulo dos EUA foram maiores do que na maioria dos outros países, e a economia reabriu mais rápido. Estima-se que as famílias tenham acumulado cerca de US$ 2 trilhões em economias extras, e muitas elevaram o patrimônio com ganhos no mercado imobiliário e nas bolsas.

Em recentes teleconferências da temporada de balanços, vários executivos destacaram a capacidade de aumentar os preços sem prejudicar a demanda dos consumidores nos EUA.A rede de fast-food Chipotle Mexican Grill, que aumentou os preços do cardápio no início do ano, disse no mês passado que a empresa não encontrou “resistência de forma alguma”. A fabricante de eletrodomésticos Whirlpool espera uma demanda “saudável” mesmo depois de subir os preços em até 12%, disse o diretor financeiro Jim Peters em entrevista no mês passado.Embora um colchão de poupança da pandemia esteja ajudando a sustentar essa demanda por enquanto, a perspectiva de longo prazo para os gastos pode depender de os salários nos EUA subirem tanto quanto os preços.

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