Preços globais dos alimentos intensificam trajetória de queda

Lácteos, grãos e óleos vegetais impulsionam retração do índice medido pela FAO de 1,3% em julho, mas ainda é 31% superior ao registrado no mesmo período do ano passado

Depois de atingirem em maio o maior patamar da última década, os preços globais dos alimentos recuaram pelo segundo mês consecutivo, segundo o indicador da FAO
05 de Agosto, 2021 | 09:38 AM

São Paulo — O índice global dos preços dos alimentos medido pela Food and Agriculture Organization (FAO), agência das Nações Unidas que trata de agricultura e alimentos no mundo, encerrou o mês de julho aos 123 pontos, desempenho que representa uma queda de 1,3% em comparação ao mês anterior. Esse foi o segundo mês consecutivo de queda, depois de ter alcançado em maio deste ano o patamar mais elevado da última década.

Apesar da sinalização de uma inversão da curva de preços, o índice registrado no mês passado está 31% acima do valor observado em julho de 2020. No mesmo período do ano passado, o índice dos preços dos alimentos estava em 93,9 pontos.

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A queda dos preços globais dos alimentos em julho foi impulsionada pela desaceleração das cotações dos derivados lácteos, dos grãos e dos óleos vegetais. Em comparação a junho, os preços dos lácteos recuaram 2,8%. As cotações dos grãos foram as que mais caíram no mês, com uma retração de 3%, enquanto os óleos vegetais tiveram uma queda de 1,4%.

Mesmo com a retração de alguns dos principais grupos de alimentos em julho, os patamares ainda seguem extremamente elevados quando comparados a 2020. Os preços dos óleos vegetais, por exemplo, ainda estão 67% acima dos níveis de julho do ano passado, enquanto os valores dos grãos e dos lácteos são 30% e 14% maiores, respectivamente.

Os preços das carnes seguem sua trajetória de alta. Em julho, o indicador da FAO alcançou seu maior patamar em quase sete anos

A queda do indicador geral só não foi maior porque as cotações das carnes e do açúcar ainda seguem subindo. O índice de preços das carnes alcançou em julho 110,3 pontos, alta de 0,8% sobre junho, mas que levou o indicador ao patamar mais elevado em quase sete anos. Em comparação ao mesmo período de 2020, o desempenho do mês passado representou uma valorização de 20%.

No caso do açúcar, os 109,6 pontos de julho representam o maior nível dos últimos quatro anos e meio. O desempenho do mês passado significou uma alta de 1,7% ante junho e de 44% sobre o índice de julho de 2020.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.