Petrobras nega decisão sobre vale-gás a famílias vulneráveis

Após Bolsonaro dizer que estatal tem R$ 3 bi para benefício, estatal envia à CVM esclarecimento dizendo estar “sensível” ao impacto social do GLP

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São Paulo — A Petrobras informou que está “sensível” ao impacto social do gás de cozinha (GLP), cujo preço do botijão de 13 kg chega ao consumidor na casa de R$ 100 em algumas das regiões mais pobres do país, mas informou que “não há definição” quanto à implementação de eventuais programas voltados às famílias vulneráveis, como sugeriu o presidente Jair Bolsonaro, na última semana.

O chefe do Executivo Federal disse que o governo estuda lançar um programa voltado para a compra de gás pela população mais carente e que a Petrobras tem R$ 3 bilhões para bancar o benefício.

“O novo presidente da Petrobras, o [Joaquim] Silva e Luna, está com uma reserva de aproximadamente R$ 3 bilhões para atender realmente esses mais necessitados. Seria um vale-gás, seria o equivalente -no que está sendo estudado até agora- a um bujão de graça a cada dois meses”, disse o presidente, em entrevista ao Programa do Ratinho, do SBT, gravado na tarde de quinta-feira (29), segundo relato do jornal Folha de S.Paulo.

Dividendos

Na noite de ontem, a estatal enviou um comunicado de esclarecimento à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em que, sem citar a fala da presidente, comenta “notícias veiculadas na mídia”.

“Como resultado de sua estratégia e seu compromisso de geração de valor, já distribuiu, no ano de 2021, R$ 10,3 bilhões em dividendos, sendo desses, R$ 3 bilhões destinados ao seu acionista controlador. Além disso, de janeiro a junho de 2021, sua contribuição à sociedade brasileira, na forma de tributos pagos pela Companhia e retidos de terceiros, foi de R$ 76,7 bilhões, montante R$ 14,1 bilhões superior ao mesmo período de 2020”, cita a Petrobras.

No comunicado, a estatal relaciona ainda suas ações voltadas à área de responsabilidade social, destacando cinco pontos: ações de promoção do desenvolvimento da primeira infância; fomento ao empreendedorismo, à economia,à qualificação profissional, contribuindo para a geração de emprego e renda; conservação de espécies e ecossistemas costeiros; conservação e recuperação de florestas, proteção da biodiversidade e adaptação às mudanças climáticas,com benefícios sociais e ambientais e (e) incentivo a educação ambiental, priorizando a primeira infância”.

“A Petrobras segue adotando a prática de preços de venda em equilíbrio com os mercados competidores. Sensível ao impacto social do gás de cozinha (GLP), a Petrobras contribui ativamente nas discussões no âmbito do Ministério de Minas e Energia quanto a eventuais programas voltados às famílias vulneráveis. Não há definição quanto à implementação e o montante de participação em eventuais programas. Qualquer decisão estará sujeita à governança de aprovação e em conformidade com as políticas internas da companhia”, conclui a estatal.

Ações em queda

Na sexta, as ações preferenciais da Petrobras fecharam em queda de 3,45%, cotadadas a R$ 26,85, acumulando perdas de 7,98% no mês, embora ainda apresente uma valorizaçao de 15,88% em 12 meses, quando tocou máxima de R$ 31,76 e mínima de R$ 17,74.

Com o início da pandemia da Covid-19, em março do ano passado, os papéis do setor de petróleo e gás despencaram com os alertas de redução drástica de demanda devido às ordens de confinamento pelo mundo e à consequente redução da atividade econômica global com a série de “lockdown” como medida sanitária para evitar infecções pelo novo coronavírus.