Segunda safra de milho do Paraná encolhe 37% em 30 dias

Governo do Estado prevê uma produção de 6,11 milhões de toneladas. O volume é menos da metade do que as 13,6 milhões de toneladas estimadas em no início do plantio

Quebra na safra do Paraná é equivalente à toda produção de Mato Grosso do Sul, segundo maior produtor brasileiro
29 de Julho, 2021 | 01:04 PM

São Paulo — O Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná reduziu mais uma vez sua estimativa para a segunda safra de milho do Estado. Agora, a expectativa é que sejam colhidas 6,11 milhões de toneladas do cereal, volume 37,8% inferior ao que havia sido projetado em junho. No mês passado, a estimativa era de uma oferta de 9,82 milhões de toneladas.

Esse foi o maior corte na projeção da segunda safra de milho feito nesta safra pelo governo paranaense, mas não foi o único. Desde janeiro, o Deral vem promovendo cortes consecutivos em sua estimativa por conta do atraso no plantio, falta de chuvas no momento necessário para o desenvolvimento e, mais recentemente, a geada que atingiu as regiões produtoras do Estado.

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: O Paraná é o segundo maior produtor de milho do Brasil, atrás apenas de Mato Grosso. Sozinho, o Estado responde por aproximadamente 15% da oferta nacional de milho. A quebra na produção paranaense representa uma redução significativa na disponibilidade do grão para as indústrias no mercado interno e também para exportação.

O milho é a base da produção de aves, suínos e de parte da produção de carne bovina. Uma queda na oferta do cereal representa um aumento de custos para as empresas ligadas à essa cadeia. Esse aumento de custos pode representar repasses de preços ao consumidor e, consequentemente, pressão inflacionária, ou redução nas margens das indústrias.

CONTEXTO: A produção total de milho do Paraná em janeiro era estimada em 16,94 milhões de toneladas, considerando 3,36 milhões da primeira safra e 13,58 milhões da segunda. Com a atualização de julho, a oferta de milho paranaense será de apenas 9,2 milhões de toneladas, uma queda de 45,7% em relação à estimativa inicial. Na prática, é como se toda a produção de Mato Grosso do Sul, terceiro maior produtor de milho do Brasil, simplesmente deixasse de existir.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.