Governo deixa de arrecadar até R$ 15 bilhões com abates não fiscalizados no Brasil

Pouco mais de 12 milhões de cabeças “fugiram” do controle fiscal e sanitário de Estados, municípios e da federação em 2020

Pouco mais de 12 milhões de cabeças “fugiram” do controle fiscal e sanitário de Estados, municípios e da federação em 2020. Pouco mais da metade dos abates do país são aptos para exportação
27 de Julho, 2021 | 12:47 PM

São Paulo — O Brasil abateu em 2020 pouco mais de 41 milhões de cabeças destinadas à produção de carne. Desse total, 28%, ou quase 12 milhões de cabeças, foram de abates sem qualquer tipo de fiscalização, o que gerou um rombo de, pelo menos, R$ 15 bilhões aos cofres públicos.

Os dados fazem parte do Beef Report 2021, documento divulgado hoje pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e produzido em conjunto pela consultoria Athenagro.

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“Esse é um abate não fiscalizado, que é sonegado dos dados oficiais e dos serviços de inspeção municipal, estadual e federal. Mas é importante ressaltar que, desse total, cerca de um certo são abates feitos dentro das fazendas, para consumo próprio”, afirma Maurício Palma Nogueira, diretor da Athenagro.

De acordo com os dados do relatório, 52% do total de animais abatidos no ano passado foram feitos seguindo os critérios do Sistema de Inspeção Federal (SIF), ou seja, aptos para atender tanto o mercado interno quanto o mercado interno. Outros 15% foram feitos pelo Sistema de Inspeção Estadual (SIE), com autorização para vendas entre Estados, e 4% seguiram o Sistema de Inspeção Municipal (SIM), com permissão para comercializar a carne apenas dentro dos municípios.

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: Segundo Antônio Jorge Camardelli, presidente da Abiec, mais do que um dado econômico, o abate sem fiscalização no Brasil é uma questão de saúde pública. “Esse tipo de situação ocorre em todos os Estados do Brasil. É preciso uma decisão de governo para criar uma isonomia no sistema de fiscalização”, afirma.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.