Bloomberg — A Tesla lançou neste domingo (22) seu tão aguardado serviço de robotáxi após quase uma década de entusiasmo de Elon Musk, com a expectativa de dar início a uma nova era para a montadora em dificuldades.
Vários dos influenciadores que foram escolhidos a dedo para o acesso antecipado transmitiram vídeos de suas primeiras viagens durante o lançamento na tarde de domingo.
Um usuário do X, conhecido como Bearded Tesla (TSLA), mostrou o assento do motorista vazio durante uma viagem em um SUV Modelo Y vermelho que durou pouco mais de 10 minutos.
“Foi tranquilo”, disse um dos passageiros no vídeo após sair do veículo.
Leia mais: Toyota e Waymo firmam parceria para enfrentar Tesla e BYD em carros autônomos
As primeiras viagens estão limitadas a uma pequena parte da cidade natal da Tesla, Austin, e um “monitor de segurança” humano está no banco do passageiro da frente.
Os usuários com acesso antecipado estão pagando uma taxa fixa de US$ 4,20 pelas viagens, disse Musk no domingo em um post na rede social.
O lançamento discreto - apenas uma fração dos veículos será usada inicialmente - foi, no entanto, muito aguardado por investidores, que contam com a nova linha de negócios para reanimar uma empresa prejudicada pela queda nas vendas e pela reação dos consumidores contra o envolvimento de Musk com a política.
O CEO da Tesla aposta o futuro da empresa na direção autônoma, na inteligência artificial e nos robôs humanoides - mercados em voga, mas ainda não comprovados.
“Este é o primeiro teste verdadeiro”, disse Gene Munster, managing partner da Deepwater Asset Management, em uma entrevista. “Tudo o que acontecer será amplificado, especialmente o que for negativo. Há muita coisa em jogo.”
Embora a Tesla não tenha revelado muitos detalhes do lançamento, alguns passageiros com acesso antecipado revelaram que os robotáxis estarão disponíveis entre as 6h da manhã e a meia-noite todos os dias dentro de vários quilômetros quadrados de uma área delimitada geograficamente da cidade, sem incluir o aeroporto.
Leia mais: Na xIA, de Musk, queima de caixa chega a US$ 1 bilhão por mês, dizem fontes
O serviço pode ser limitado ou ficar indisponível em caso de mau tempo, e a Tesla usará monitores de segurança e, potencialmente, operação remota.
Os vídeos postados no domingo mostraram os veículos autônomos realizando com sucesso uma variedade de tarefas de direção normalmente mundanas, como estacionar na rua e parar para os pedestres.
Algumas das transmissões ao vivo e postagens mostraram botões que as pessoas podem usar para fazer com que o veículo encoste, pare na faixa e entre em contato com o suporte.
A Tesla intensificou os testes recentemente na capital do estado do Texas, onde SUVs Model Y com placas do fabricante têm sido vistos regularmente nas partes sul e sudeste da cidade.
Musk disse que a Tesla lançaria inicialmente de 10 a 20 veículos antes de expandir para mil dentro de alguns meses e, mais tarde, introduziria um Cybercab especialmente produzido sem pedais ou volante.
O CEO tem um histórico de promessas exageradas na área de autonomia.
Depois de sugerir a possibilidade de um serviço de carro autônomo em um plano de negócios em 2016, ele disse três anos depois que os clientes da Tesla poderiam utilizar seus veículos como robôstáxis até 2020.
Há muito tempo, a Tesla oferece um sistema chamado Full Self Driving que, apesar do nome, requer supervisão contínua do motorista e não torna os veículos autônomos.
A empresa disse que operará sua rede de robotáxis usando uma versão “não supervisionada” do software que não exigirá o monitoramento de um motorista humano.
A segurança é um fator crucial nas operações de carros sem motorista.
Incidentes que ferem ou matam pessoas podem levar as empresas do setor a sofrerem repressões regulatórias e a receberem atenção negativa.
Leia mais: Musk revela o robotáxi Cybercab, mas investidores questionam falta de detalhes
A Cruise, a agora extinta empresa de direção autônoma da General Motors, suspendeu sua frota no final de 2023 e teve sua licença de operação suspensa na Califórnia após um acidente que feriu um pedestre.
A Uber Technologies parou de testar veículos autônomos depois que um de seus SUVs atingiu e matou um pedestre no Arizona em 2018. Menos de três anos depois, a empresa concordou em vender seu negócio de condução autônoma.
Austin se tornou um ponto importante para operações de veículos autônomos. A Waymo, que pertence à Alphabet, controladora do Google, está em fase de expansão na cidade por meio de uma parceria com a Uber. A Zoox, da Amazon (AMZN), também realiza testes na cidade.
No Texas, a Tesla enfrenta poucas restrições para operar veículos autônomos. Os veículos sem motorista devem ser equipados com câmeras, ter seguro e seguir as regras de trânsito. No momento não é necessária uma licença para o compartilhamento de viagens.
No âmbito federal, as autoridades estão tomando medidas para facilitar a implantação de veículos autônomos sem controles do motorista, como volantes ou pedais.
A National Highway Traffic Safety Administration disse neste mês que agilizará o processo para concessão de isenção para esses veículos. Pela política atual, o processamento de autorizações pode durar anos.
Veja mais em bloomberg.com
©2025 Bloomberg L.P.
