Nvidia cresce 56% em receita e volta a superar projeções; guidance divide opiniões

Empresa de capital aberto mais valiosa do mundo continua a sofrer com ceticismo de parte do mercado sobre sua capacidade de crescer em ritmo acelerado; projeção aponta vendas de US$ 54 bi no trimestre corrente, vs US$ 46,7 bi no último

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Bloomberg — A Nvidia, a empresa de capital aberto mais valiosa do mundo, deu uma previsão de receita considerada “morna” para o trimestre atual, o que alimenta preocupações de que um aumento massivo nos gastos de empresas com inteligência artificial esteja desacelerando.

As vendas serão de aproximadamente US$ 54 bilhões no terceiro trimestre fiscal, que vai até outubro, disse a empresa em um comunicado nesta quarta-feira (27).

Embora isso esteja em linha com a estimativa média de Wall Street, alguns analistas projetaram mais de US$ 60 bilhões.

A previsão excluiu a receita de data centers da China, um mercado onde a empresa tem enfrentado dificuldades com as restrições de exportação dos Estados Unidos e a pressão contrária de Pequim.

A perspectiva aumenta a preocupação - mais uma vez - de que o ritmo de investimento em sistemas de inteligência artificial seja insustentável.

As dificuldades na China também prejudicaram os negócios da Nvidia.

Embora o governo Trump tenha recentemente flexibilizado as restrições sobre as exportações de alguns chips de IA para a segunda maior economia do mundo, a suspensão ainda não se traduziu em uma recuperação da receita.

As ações da Nvidia caíram cerca de 2% nas negociações do after market após o anúncio. Elas haviam subido 35% neste ano até o fechamento, elevando a capitalização de mercado da empresa acima de US$ 4 trilhões.

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A empresa também aprovou um adicional de US$ 60 bilhões em recompras de ações. A Nvidia tinha US$ 14,7 bilhões restantes em seu plano de recompra anterior no final do segundo trimestre.

As vendas nesse período, que terminou em 27 de julho, aumentaram 56%, para US$ 46,7 bilhões, acima da estimativa média de mercado de US$ 46,2 bilhões.

Embora o dado tenha representado acréscimo de mais de US$ 16 bilhões em receita trimestral em relação ao ano anterior, foi o menor aumento percentual em mais de dois anos.

O lucro foi de US$ 1,05 por ação, menos alguns itens. Wall Street esperava US$ 1,01.

A unidade de data center, uma divisão que agora é maior do que qualquer outra fabricante de chips, teve vendas de US$ 41,1 bilhões. Isso se compara a uma estimativa média de US$ 41,3 bilhões.

A receita relacionada a games - que já foi a principal fonte de renda da Nvidia - foi de US$ 4,29 bilhões. Os analistas projetaram, em média, US$ 3,8 bilhões.

O segmento automotivo gerou US$ 586 milhões em vendas, um pouco abaixo das estimativas.

A Nvidia ainda lida com as consequências de uma rivalidade crescente entre os EUA e a China, onde a tecnologia de semicondutores se tornou um importante ponto de inflamação.

Em abril, o governo Trump reforçou as restrições às exportações de processadores de data center para clientes chineses, efetivamente excluindo a Nvidia do mercado.

Posteriormente, Washington reverteu essa decisão, dizendo que os EUA permitirão algumas remessas em troca de uma fatia de 15% da receita.

Ao mesmo tempo, Pequim incentivou o afastamento do uso da tecnologia dos EUA em sistemas de IA acessados pelo governo chinês.

As mudanças nas políticas tornaram difícil para Wall Street prever a quantidade de receita que a Nvidia poderá recuperar no mercado. Alguns analistas fizeram projeções na casa dos bilhões de dólares, enquanto outros se recusaram a prever quaisquer vendas na China até que a empresa deixe a situação mais clara.

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A Nvidia disse que não registrou nenhuma venda de seu chip H20 AI para clientes baseados na China no segundo trimestre.

Antes do resultado trimestral, os analistas da Nvidia tinham entre si uma diferença de cerca de US$ 15 bilhões entre as estimativas mais altas e as mais baixas para a receita do terceiro trimestre - uma das maiores dispersões na história da empresa.

Sob o comando do co-fundador e CEO Jensen Huang, a fabricante de chips de 32 anos de existência tornou-se subitamente a maior história de sucesso do setor de tecnologia.

Durante a maior parte de sua história, a Nvidia viveu à sombra de rivais maiores, como a Intel, ganhando a vida de forma “modesta” com a venda de processadores gráficos para games de computador.

O grande avanço da Nvidia ocorreu quando ela adaptou suas unidades de processamento gráfico, ou GPUs, para executar software de inteligência artificial - criando algo que Huang chama de computação acelerada.

Recentemente, em 2022, a Nvidia era uma fração do tamanho da Intel e obtinha menos receita em um ano do que obtém agora em um trimestre.

Atualmente, a Nvidia está no caminho certo para vendas anuais de US$ 200 bilhões - com o número estimado para eclipsar US$ 300 bilhões até 2028. Isso daria à empresa cerca de um terço da receita total do setor de chips.

Plano de diversificação

Mas a Nvidia (NVDA) depende em grande parte dos planos de gastos de apenas algumas empresas.

A Microsoft (MSFT), a Amazon (AMZN) e outras operadoras gigantes de data center são responsáveis por cerca de metade de suas vendas.

Para diversificar os negócios, a Nvidia decidiu entrar em novos mercados e fornecer uma gama mais ampla de produtos. Isso inclui a oferta de computadores completos, equipamentos de rede, software e serviços.

Huang está determinado a acelerar a adoção da IA em toda a economia e incentiva sua equipe a produzir novos hardwares e softwares em um ritmo frenético.

Por enquanto, a empresa com sede em Santa Clara, na Califórnia, não tem grandes desafios no mercado de seus chips de IA, conhecidos como aceleradores.

Os esforços internos de empresas como a Amazon e os desafios em estágio inicial de possíveis rivais, como a Advanced Micro Devices (AMD), ainda não afetaram significativamente sua participação no mercado.

Mas ela enfrenta outras dores de cabeça.

Além das dificuldades da Nvidia na China, o maior impedimento ao crescimento tem sido a disponibilidade de suprimentos.

Como a maioria dos fabricantes de chips, a Nvidia não possui fábricas próprias e depende de produção terceirizada, principalmente da Taiwan Semiconductor Manufacturing Co (TSMC). Aumentar a produção de novas tecnologias continua sendo um desafio constante.

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