Grupo Alun, dono de Alura e Fiap, compra StartSe e integra educação executiva a tech

Com aquisição da plataforma investida por Marcelo Maisonnave, Pedro Englert, Eduardo Glitz e pelo Patria, grupo projeta faturar R$ 1 bilhão em 2026 e amplia a sua tese em educação; o CEO Juliano Tubino conta o racional do M&A à Bloomberg Línea

Por

Bloomberg Línea — Sete meses depois de assumir a presidência da Alura, junto com a Fiap e a PM3, hoje sob o nome de Grupo Alun - em uma referência a “alunos” em latim —, Juliano Tubino anuncia ao mercado a sua primeira aquisição: a compra da StartSe, plataforma de educação e inovação voltada a executivos.

O movimento, conduzido com apoio dos fundos investidores Crescera e Seek Capital, evidencia a ambição do grupo de ampliar o alcance para além do ensino de tecnologia e avançar sobre o mundo dos negócios, com a integração das verticais.

“Esse deal tem três razões principais: complementar o portfólio, com ofertas de imersões em educação executiva; abrir novos mercados, ao explorar a convergência entre tecnologia e negócios; e reforçar nossa autoridade em inteligência artificial - a StartSe, historicamente, treinou mais de 300 mil profissionais em IA”, disse Tubino em entrevista à Bloomberg Línea.

A StartSe passa a integrar o ecossistema ao lado justamente de marcas como Alura, FIAP e PM3, que hoje atendem principalmente profissionais de tecnologia com produtos digitais.

Leia mais: Exame e Saint Paul entram em graduação e reforçam tese de desenvolvimento pessoal

A chegada da nova empresa amplia o público-alvo para o C-Level e para executivos de grandes companhias, com programas de educação corporativa e executiva. Com o novo membro, o grupo soma mais de 6 milhões de alunos no histórico. E tem uma nova meta: ultrapassar 15 milhões.

A aquisição começou a ser negociada ainda no ano passado, antes da chegada de Tubino, e foi estruturada em uma combinação de desembolso financeiro e troca de ações.

Os valores não foram revelados nem quem assinou o cheque da compra. O executivo afirmou apenas que o Grupo Alun tem caixa.

Todos os fundadores permanecem na StartSe, e o CEO Junior Borneli seguirá no comando do negócio, agora reportando ao presidente do grupo.

Entre os executivos que ficam estão Mauricio Benvenutti, Piero Franceschi, Fabio Neto, Mateus Schaumloffel e Cristiano Kruel.

Em sua trajetória, a StartSe recebeu aporte de Marcelo Maisonnave, Pedro Englert e Eduardo Glitz, ex-sócios da XP e investidores seriais, e, em um segundo momento, um cheque de R$ 75 milhões do Patria Investimentos no fim de 2021.

Os três primeiros seguem no captable, enquanto o Patria tem o exit do negócio.

Com o anúncio da aquisição, o grupo já coloca em circulação um pós-MBA para C-Levels, construído a quatro mãos e com módulos no Brasil, no Vale do Silício e na China, além de acesso à rede de mais de 500 professores e especialistas, previsto para começar no primeiro semestre do próximo ano.

O produto serve como exemplo do que o CEO pretende construir a partir da chegada da nova adquirida. O grupo também vai incluir experiências da StartSe em cursos de pós-graduação da FIAP e acelerar o cross-sell entre as diferentes marcas do grupo.

Leia mais: Ensino superior terá corrida à qualidade, diz CEO da Yduqs. E consolidação

De acordo com Tubino, a entrada da StartSe no portfólio vai fechar lacunas de ambos os lados dos negócios, quando analisados os pontos de intersecção.

“Nós tinhamos programas para habilitar as empresas e torná-las mais inovadoras e mais proficientes em tecnologia. Faltava a peça para fazer isso para o C-Level”, disse sobre a perspectiva de complementaridade.

“E, na StartSe, da mesma forma, eles mostravam a visão de futuro para os executivos nas imersões, mas não tinham a ferramenta para capacitar as empresas.”

Marca de R$ 1 bi em receitas

O negócio deve antecipar a marca de R$ 1 bilhão em faturamento do grupo para 2026, um ano antes do previsto.

Após registrar R$ 560 milhões em 2024, a previsão é encerrar com R$ 800 milhões em receita neste ano, em estimativa que inclui a incorporação da StartSe e o crescimento orgânico.

A compra deve ser apenas a primeira assinada sob a gestão de Tubino, executivo que ficou por mais de seis anos na Totvs e, ao longo de 2024, comandou a RD Station, cujo controle foi 100% adquirido pela companhia fundada por Laércio Cosentino.

“Nós continuamos a olhar o mercado. Toda e qualquer companhia que tenha um alinhamento com a nossa missão, que entrega experiências incríveis de aprendizagem dentro desse modelo de jornada eterna, nos interessa”, afirmou.

“Isso passa por essa primeira ótica mas também que sejam companhias que conseguem ter um modelo de negócio saudável e sustentável”, complementou.

Leia mais: Partners Group adquire 15% da Omie por US$ 100 milhões e mira digitalização de PMEs

Em paralelo aos movimentos inorgânicos, o grupo tem feito novos investimentos orgânicos em novos produtos de agentes de IA, mantidos ainda sob sigilo. A crença dentro de casa é que o mercado de educação passa pela maior “oportunidade de educação e aprendizagem da história”.

“Nunca as pessoas precisaram aprender tanto e tão rapidamente”, disse Tubino, que refuta a tese de que a IA afastaria as pessoas dos estudos.

“Agora, isso quer dizer que elas vão continuar aprendendo da mesma forma? Absolutamente, não. Por isso, a nossa tese é trazer não só novos ativos, temas e públicos mas também novos formatos”.

Leia também

Juliano Tubino, ex-Totvs, assume como CEO do grupo Alura e mira R$ 1 bi em receita

Não existe limite para o crescimento, diz o próximo CEO do Mercado Livre

Jack Ma voltou com força total e tem um objetivo: ‘make Alibaba great again’