Google revela novo super computador quântico. O desafio: buscar um caso de uso

Chip Willow é capaz de executar em minutos um algoritmo que levaria 10 septilhões de anos ao supercomputador Frontier; empresa ainda não tem aplicações úteis para ele

O algoritmo, projetado para testar os recursos do computador quântico, não tem aplicações úteis conhecidas
Por Jane Lanhee Lee
09 de Dezembro, 2024 | 05:17 PM

O computador quântico da Alphabet precisa de apenas cinco minutos para resolver um problema que levaria cerca de 10 septilhões de anos para os supercomputadores. A próxima tarefa do Google: encontrar um uso real para todo esse poder teórico.

O Google afirmou que seu computador, que utiliza o novo chip quântico Willow, superou o supercomputador Frontier ao executar um algoritmo de benchmark, realizando em minutos o que levaria ao Frontier 10.000.000.000.000.000.000.000.000 de anos — muito mais do que a idade calculada do universo.

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Isso é exponencialmente mais rápido do que o desempenho declarado pelo Google há cinco anos, quando disse que poderia resolver uma tarefa de 10.000 anos em minutos.

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O algoritmo, projetado para testar os recursos do computador quântico, não tem aplicações úteis conhecidas, mas isso não vem ao caso, de acordo com Hartmut Neven, fundador do Google Quantum AI.

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O Google pretende apresentar um caso de uso no mundo real no próximo ano que seria impossível para um computador clássico resolver, disse ele. “Isso agora está ficando ao nosso alcance.”

Computação quântica

Os governos, bem como algumas das maiores empresas de tecnologia e capitalistas de risco do mundo, investiram bilhões de dólares em computadores quânticos, atraídos pela promessa de supremacia comercial e militar decorrente de velocidades de computação milhões de vezes maiores do que as dos computadores clássicos.

No entanto, como os computadores quânticos aproveitam o comportamento das partículas subatômicas, eles precisam operar em ambientes que impeçam as partículas de interagir com seus arredores, sendo que a maioria dos experimentos pressupõe temperaturas próximas ao zero absoluto.

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Essas limitações dificultaram a descoberta de aplicações práticas e reais para a tecnologia, pois as altas taxas de erro dificultaram a realização da computação quântica em escala.

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O chip Willow reduz as taxas de erro, de acordo com um artigo publicado na revista científica Nature na segunda-feira (9). Isso torna possível a construção de um computador quântico maior, e o Google agora está em condições de começar a pesar os custos, disse Neven.

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Várias metodologias estão competindo para ganhar a arena da computação quântica. A tecnologia do Google é chamada de qubits supercondutores, também utilizada pelas rivais IBM e Amazon, e os chips Willow são fabricados com ferramentas semelhantes às utilizadas na fabricação de microchips convencionais.

Mas o Google também investiu recentemente na QuEra Computing, que usa o que é conhecido como qubits de átomo neutro. Um qubit é a unidade básica de informação na computação quântica.

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“Quando tomamos a decisão de aumentar a escala, queríamos ter certeza absoluta de que estamos aumentando a tecnologia mais promissora. Nossa aposta é que sejam os qubits supercondutores”, disse Neven. “Mas talvez o QuEra nos ensine que os átomos neutros têm suas vantagens. Veremos.”

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