Depois de SoftBank, Casa Branca e Nvidia, Intel agora busca aporte da Apple

Fabricante de chips, que enfrenta dificuldades financeiras e passou a contar com o governo americano como acionista, também discutiu um potencial trabalho em conjunto com a Apple, disseram fontes a par das conversas à Bloomberg News

EE.UU. busca una participación en Intel sin derecho a voto, afirma el secretario de Comercio.
Por Ryan Gould - Liana Baker
25 de Setembro, 2025 | 09:54 AM

Bloomberg — A Intel entrou em contato com a Apple para tentar atrair um investimento, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram com a Bloomberg News, em novo capítulo dos seus esforços para reforçar um negócio que agora é parcialmente de propriedade do governo dos Estados Unidos.

A Apple (AAPL) e a Intel (INTC) também discutiram como trabalhar mais estreitamente em conjunto, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque as deliberações são privadas. As conversas estão em estágio inicial e podem não levar a um acordo, disseram as pessoas.

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As ações da Intel subiram 6,4%, para US$ 31,22, na quarta-feira (24) em Nova York, depois que a Bloomberg News informou sobre as discussões. A Apple fechou em queda de menos de 1%, a US$ 252,31.

Tal acordo seguiria um investimento de US$ 5 bilhões anunciado na semana passada pela Nvidia (NVDA), que planeja trabalhar com a Intel em chips para computadores pessoais e data centers.

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O CEO da Intel, Lip-Bu Tan: executivo assumiu com a missão de reerguer a empresa em meio à sua crise mais grave em décadas

O SoftBank, gigante japonês de tecnologia que busca expandir-se ainda mais nos EUA, anunciou um investimento de US$ 2 bilhões na Intel no mês passado.

A Intel também entrou em contato com outras empresas sobre possíveis investimentos e parcerias, disseram as pessoas.

Um acordo com a Apple, um cliente de longa data da Intel que mudou para utilizar mais processadores internos nos últimos cinco anos, representaria uma validação adicional da oferta de recuperação da fabricante de chips.

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Ainda assim, é improvável que a Apple volte a usar os processadores Intel em seus dispositivos. Os chips mais sofisticados da fabricante do iPhone são agora produzidos pela parceira Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC).

Leia mais: Intel terá mais riscos do que ganhos potenciais com governo dos EUA como acionista

Um representante da Intel não quis comentar. Um porta-voz da Apple não respondeu a um pedido de comentário.

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O CEO da Intel, Lip-Bu Tan, tenta ensaiar uma retomada dos negócios com o apoio do governo federal.

Em um acordo não convencional intermediado pelo governo Trump em agosto, os EUA adquiriram uma participação de cerca de 10% na fabricante de chips.

A Intel é vista como uma peça fundamental dos esforços para revigorar a produção doméstica - uma prioridade para a Casa Branca.

Mas, mesmo com o apoio financeiro, os desafios da Intel continuam assustadores.

A empresa com sede em Santa Clara, na Califórnia, perdeu sua vantagem tecnológica de longa data e cedeu participação de mercado para rivais como a Advanced Micro Devices Inc. (AMD), que também é uma das maiores fabricantes de chips do mundo.

Além disso, a Intel tem se esforçado para capitalizar as vendas em expansão de equipamentos de inteligência artificial - uma especialidade da Nvidia.

A Intel, que já foi a fabricante de chips dominante, agora tem uma fração das vendas e do valor de mercado da Nvidia. Ela também demitiu funcionários, incluindo o então CEO Pat Gelsinger, e adiou os planos de expansão de fábrica para lidar com a deterioração de suas finanças.

Ainda assim, investidores se tornaram mais otimistas em relação às perspectivas da empresa desde a ajuda do governo Trump. As ações subiram mais de 60% desde o início de agosto.

Sob o comando de Gelsinger, a Intel se propôs a se tornar uma empresa de fundição de chips - um negócio que fabrica semicondutores para clientes externos.

No entanto a empresa teve dificuldades para garantir clientes suficientes para apoiar seus planos de expansão da fábrica.

Sob o comando de Tan, a Intel continuou com a estratégia de fundição, embora com mais cautela.

Em julho, ele disse que a Intel só lançaria uma nova técnica de produção de ponta - chamada 14A - se os clientes se comprometessem com ela.

A Apple e a Intel têm uma longa história, às vezes tensa, em conjunto.

A Apple usou chips Intel em seus Macs por anos, mas começou a se afastar do fornecedor em 2020 - parte de um esforço mais amplo para usar mais componentes internos. A Apple também adquiriu a maior parte do negócio de chips de modem da Intel em 2019.

Atualmente, a Apple tem procurado mostrar que está investindo pesadamente nos EUA, mesmo que grande parte de sua produção permaneça no exterior.

Em um evento na Casa Branca em agosto, a empresa anunciou planos de gastar US$ 600 bilhões em iniciativas domésticas em um período de quatro anos, acima de uma promessa anterior de US$ 500 bilhões.

O ponto central da expansão foi um investimento de US$ 2,5 bilhões na Corning, a fornecedora de vidro de longa data da Apple.

O CEO da Apple, Tim Cook, disse a Jim Cramer, da CNBC, que os investimentos incentivariam outras empresas a aumentar a produção nos EUA, com a criação de um “efeito dominó”.

Quando questionado sobre a Intel, ele disse que a concorrência seria boa para o setor de fundição de chips. “Gostaríamos muito de ver a Intel voltar”, disse Cook.

-- Com a colaboração de Mark Gurman, Ian King e Mackenzie Hawkins.

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