Decolar anuncia troca de CEO em movimento estratégico após compra pela Prosus

Damián Scokin, que liderava a companhia havia 9 anos, deixará o cargo de CEO em 31 de março de 2026; Gonzalo García Estebarena, atual diretor de tecnologia (CTO), será o novo presidente-executivo a partir de abril de 2026

Por

Bloomberg Línea — O grupo Decolar anunciou uma mudança na liderança. Damián Scokin deixará o cargo de CEO em 31 de março de 2026, após nove anos no comando. Gonzalo García Estebarena, atual diretor de tecnologia (CTO), será o novo presidente-executivo da maior empresa de tecnologia para viagens da América Latina.

A transição ocorre após a aquisição da companhia pelo grupo Prosus, concluída em maio pelo valor de US$ 1,7 bilhão. A mudança reflete uma nova fase de crescimento “mais ágil e ambiciosa”, disse a Decolar em comunicado. Scokin continuará ligado à empresa como conselheiro e advisor, apoiando a estratégia de longo prazo.

Leia também: Decolar entra em modo ‘jet ski’ e faz uso de IA para ampliar o seu mercado

Durante quase uma década, o executivo argentino liderou uma transformação na empresa, que passou de agência de viagens online a uma plataforma de tecnologia com múltiplas verticais.

Sob seu comando, a Decolar realizou o IPO na Bolsa de Nova York em 2017, adquiriu cinco companhias e superou a pandemia com uma injeção de US$ 200 milhões em capital de giro.

“Encerramos esta etapa com a aquisição de US$ 1,7 bilhão por parte da Prosus, que valida a qualidade do nosso negócio e nos oferece a escala global necessária”, disse Scokin, em comunicado à imprensa.

A definição por Estebarena, um executivo de carreira com mais de 15 anos de casa, sinaliza a ênfase da nova fase: tecnologia, inteligência artificial e velocidade de execução.

O CTO liderou o redesenho do modelo de relacionamento com parceiros, comandou o turnaround comercial da companhia durante a pandemia e foi o responsável por lançar Sofia, a assistente de viagens com IA generativa da Decolar.

Em entrevista recente à Bloomberg Línea, o CEO da Decolar para o Brasil, Max Gonzalez, disse que a Sofia já soma cerca de 800 mil interações mensais, metade delas via WhatsApp. A assistente tem contribuído para aumentar conversões e melhorar o índice de satisfação dos usuários (NPS).

Fundada em 1999, a Decolar cresceu surfando a onda tecnológica que transformou a indústria de turismo: primeiro com as vendas online, depois com o mobile. Agora, aposta na inteligência artificial generativa como diferencial competitivo.

“Nesta nova etapa, meu objetivo é construir sobre o legado de Damián e acelerar nosso espírito tecnológico, aproveitando o potencial da Inteligência Artificial e a escala global do Grupo Prosus para impulsionar um novo ciclo de crescimento”, afirmou Estebarena em nota.

A estratégia da Prosus, também dona de iFood, Sympla e OLX, é acelerar a criação de um ecossistema latino-americano de negócios, fomentando a troca de conhecimento e a venda cruzada entre os seus principais ativos na região.

Para crescer num ambiente mais competitivo de IA, o grupo de investimento holandês divulgou na manhã desta sexta-feira (10), a criação de um modelo proprietário de IA, o LCM (Large Commerce Model). A infraestrutura foi criada a partir de dados de transações comerciais de mais de 500 milhões de usuários globalmente e cerca de 10 trilhões de tokens.

A importância do Brasil para o negócio

O Brasil, responsável por cerca de 40% da receita total da Decolar, segue como principal mercado e epicentro das apostas em IA e personalização da jornada de compra. A empresa também vê espaço para expandir suas verticais B2B e B2B2C, que já representam quase um quinto da receita e cresceram acima de 25% no último ano.

O movimento ocorre em meio a um ciclo de otimismo no turismo latino-americano. A participação do setor no PIB da América Latina deve crescer cerca de US$ 260 bilhões nos próximos 10 anos, de acordo com o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), alcançando uma contribuição total de US$ 909,2 bilhões.

No resultado do ano passado, antes de fechar o capital, a Decolar informou uma receita de US$ 774,1 milhões (aproximadamente R$ 4,2 bilhões), alta de 10% em relação ao ano anterior.

A ambição agora é “crescer cada vez mais rápido”, resultado que está sendo alcançado ao longo deste ano, segundo Gonzalez. “Nós estamos apontando uma expansão mais rápida do que tínhamos registrado.”

Leia também:

Na Shopee, entrega rápida e lojas oficiais reforçam estratégia para avançar no Brasil

Vendas da Shein caem nos EUA após fim da isenção para remessas de até US$ 800