China vs. EUA: disputa por chips leva CEOs da Intel e Nvidia a Washington

Executivos planejam fazer lobby contra aumento das restrições à venda para a China de chips e equipamentos para fabricação de semicondutores

Empresas de semicondutores estão no centro de uma disputa crescente entre Pequim e Washington
Por Jenny Leonard e Ian King
17 de Julho, 2023 | 07:52 AM

Bloomberg — As maiores empresas de semicondutores dos Estados Unidos estão embarcando em um esforço final para evitar restrições adicionais em suas vendas para a China, com executivos de alto escalão viajando a Washington nesta semana para conversas com autoridades do governo e parlamentares.

Os CEOs da Intel (INTC), Qualcomm (QCOM) e Nvidia (NVDA) planejam fazer lobby contra a extensão das restrições à venda para a China de certos chips e equipamentos para fabricação de semicondutores, as quais a administração Biden está prestes a implementar nas próximas semanas, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

Embora eles não esperem evitar todas as ações, as empresas estão percebendo uma oportunidade para convencer a equipe de Biden de que uma escalada prejudicaria os esforços diplomáticos em curso pela Casa Branca para envolver autoridades chinesas e estabelecer uma relação mais produtiva, segundo as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque a viagem ainda não é pública.

As empresas de semicondutores estão no centro de uma disputa crescente entre Pequim e Washington. Os Estados Unidos, onde a maioria da tecnologia é originada, acredita que restringir o acesso da China a essa tecnologia fortalecerá a segurança nacional e dificultará os esforços do país asiático para avançar suas capacidades militares.

PUBLICIDADE

As empresas argumentam que serem cortadas de seu maior mercado prejudicará sua capacidade de investir no avanço de sua tecnologia e, por fim, minará a liderança dos Estados Unidos.

Representantes das três empresas se recusaram a comentar.

O CEO da Qualcomm, Cristiano Amon, obtém mais de 60% da receita de sua empresa da China, fornecendo componentes para fabricantes de smartphones como a Xiaomi.

Pat Gelsinger, da Intel, que visitou Pequim no início deste mês para mostrar os mais recentes chips de inteligência artificial de sua empresa, considera a China sua maior região de vendas. O país representa cerca de um quarto das vendas da Intel.

E para a Nvidia, comandada pelo cofundador e CEO Jensen Huang, a China contribui com cerca de um quinto da receita.

Restrições

Em outubro, o Departamento de Comércio emitiu regras que proíbem fabricantes de equipamentos de semicondutores de vender determinadas ferramentas para a China, bem como proíbem a exportação de alguns chips usados em aplicações de inteligência artificial — um anúncio que abalou a indústria na época.

Até agora, fabricantes de equipamentos de semicondutores como a Applied Materials têm sofrido os maiores impactos na receita, sendo forçados a reduzir bilhões de dólares de suas projeções.

PUBLICIDADE

No entanto, as restrições, que as empresas temem que sejam estendidas para outras classes de chips, também estão afetando alguns fabricantes de dispositivos. A capacidade da Nvidia de enviar seus aceleradores de inteligência artificial líderes do setor para a China tem sido limitada por um processo de aprovação, causando perdas nas vendas.

“Estou alarmado que alguns CEOs americanos continuem a advogar por controles de exportação mais fracos sobre tecnologia sensível”, disse o deputado Mike Gallagher, republicano de Wisconsin e presidente de um comitê da Câmara sobre concorrência com a China, em um comunicado na sexta-feira (14).

“A administração Biden precisa reforçar nossos controles de exportação em chips avançados”.

O governo planeja atualizar e finalizar as medidas, fortalecendo o que já foi anunciado. Na semana passada, a Bloomberg News informou que os Estados Unidos estão usando parte de seu poder para influenciar empresas estrangeiras a cortar ainda mais o acesso da China.

A ASML Holding, uma das maiores fornecedoras de equipamentos para fabricação de chips, está enfrentando restrições mais rígidas de seu governo local na Holanda e novas restrições dos Estados Unidos, pois alguns de seus componentes são fabricados nos EUA.

Em geral, as novas regras dos Estados Unidos também refletirão o resultado das negociações com Japão e Holanda, segundo pessoas informadas sobre os planos.

A Reuters relatou anteriormente o encontro de alguns dos CEOs com autoridades americanas.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também:

Nvidia: ações recuam com temor de restrições a chips de IA vendidos à China

Por que a Intel negocia com Alemanha e Israel para fábricas de chips

Boom da IA livra as vendas da TSMC de tombo maior que o esperado por analistas