Bloomberg Línea — A Totvs planeja continuar a priorizar a estratégia de crescer dentro da própria base de clientes, com a entrega de novos produtos e serviços. Isso permitirá à gigante de tecnologia brasileira repetir os resultados positivos do primeiro semestre de 2025, de acordo com o CEO, Dennis Herszkowicz.
Em entrevista à Bloomberg Línea, o executivo ressaltou que a empresa de software brasileira tem condições de manter uma receita recorrente que classificou como “sólida”, ao mesmo tempo em que avança para atender negócios de diferentes nichos.
“Diferentemente da maior parte das outras empresas, nós temos um negócio muito recorrente e com uma taxa de renovação de clientes muito alta”, afirmou Herszkowicz em entrevista para comentar os resultados do segundo trimestre, divulgados na quarta-feira (6).
“É uma combinação rara de encontrar e ela tem uma beleza do ponto de vista de equilíbrio entre crescimento e rentabilidade.”
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O caso mais recente é do lançamento de um produto de gestão fiscal e tributária das empresas, conectada ao software de gestão (ERP), com foco nas mudanças provocadas pela reforma tributária, em vias de entrar em vigor.
No trimestre, a compra do software trouxe cerca de R$ 20 milhões em receita recorrente anual (ARR) para a companhia.
Com presença em 12 setores da economia na divisão de Gestão, a Totvs (TOTS3) tem feito um esforço para ampliar a “granularidade” dos serviços, com produtos específicos para empresas do agro, de manufatura e logística, por exemplo, à medida que também entrega mais produtos em nuvem.
“Isso também gera um volume de oportunidades para nós, com o desenvolvimento de softwares que são cada vez mais necessários para a nossa base de clientes”, afirmou o CEO.
Segundo semestre ‘saudável’
A Totvs encerrou o segundo trimestre com receita líquida de R$ 1,5 bilhão, alta de 17% em relação ao mesmo período do ano passado.
O lucro líquido ajustado avançou 50,9% na mesma comparação e fechou o período em R$ 218,3 milhões. Na base semestral, a alta foi de 47,2% e chegou a R$ 446,0 milhões.
Mais do que resultados pontuais positivos, segundo o CEO, os dados do balanço revelam um percurso em que a companhia tem conseguido trafegar: o crescimento da receita recorrente, dado que 91,2% da receita atual vem do modelo de SaaS (Software as a service).
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A expansão no trimestre foi de 20%, com a adição líquida de R$ 221 milhões, com negócios das divisões de gestão (ERP) e RD Station.
O avanço dessa métrica de adição líquida deve funcionar como um bom indicador dos próximos meses da companhia.
“É um indicador que veio forte de novo nesse segundo trimestre. Nós temos - mais uma vez, sem guidance nenhum - bons elementos que nos levam a crer que teremos um segundo semestre saudável”, afirmou Herszkowicz.
Na mensagem aos acionistas, o CEO, que está no comandodesde 2019, afirmou que a companhia vai “seguir trabalhando para que o H2 [segundo semestre] seja tão bom quanto o H1 [primeiro semestre]”.
Nos primeiros seis meses do ano, a companhia fechou com uma receita líquida de R$ 2,95 bilhões, alta de 18,1% em relação ao mesmo período de 2024.
Mantido o ritmo, a Totvs deve registrar o seu melhor ano da história, o que sequência a uma trajetória de seguidos recordes iniciada em 2020. Em 2024, a receita líquida encerrou o período em R$ 5,2 bilhões
Oportunidades com a compra da Linx
O acordo ainda depende da aprovação do Cade.
O negócio resultará em uma complementaridade de ofertas dentro da unidade de negócios de Gestão para a Totvs.
“Nós atuamos no varejo, mas, quando você dá o duplo clique, há uma quantidade enorme de subsegmentos no varejo, como moda, posto de gasolina e farmácia. Quando olhamos os subsegmentos em que atuamos e os da Linx, eles são totalmente complementares”, disse Herszkowicz.
Antes de assumir o comando da Totvs, Herszkowicz trabalhou mais de 15 anos na Linx, em que chegou a atuar como CFO (diretor financeiro) e vice-presidente, em um período anterior à compra da empresa pela Stone.
Outras divisões
Além da divisão da Gestão, a principal e responsável por R$ 1,3 bilhão da receita líquida do trimestre, o negócio conta com outras: a RD Station, que entrou para a companhia em 2021, e a TechFin, joint-venture criada com o Itaú.
A RD Station fechou o trimestre com R$ 161,5 milhões em receita líquida, alta de 18,9%.
Essa divisão passa por um novo momento, migrando de um modelo de mono para multi abordagem, seja em termos de produtos ofertados como em canais e clientes.
O último trimestre foi o primeiro em que a unidade de negócios registrou uma taxa de retenção positiva, desde que começou o processo de mudança.
A outra frente da Totvs é a Techfin, unidade com a qual desenha um ERP Banking, que integra os dados de gestão com stack financeiro, com crédito, pagamentos e gerenciamento de caixa.
No trimestre, a receita líquida de funding ficou em R$ 72,5 milhões, 3,8% acima do registrado no segundo trimestre de 2024.
“O ERP é o ambiente em que o cliente está chegando à conclusão de que precisa de um produto bancário, de um serviço bancário. E os dados que estão dentro do ERP são as principais referências para uma decisão, por exemplo, de uma oferta de crédito. Quando combinamos isso tudo, temos uma oferta muito poderosa”, disse Herszkowicz, para quem 2025 é o ano de expansão do produto.
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