Bloomberg Línea — Um dos homens mais ricos do mundo, Bernard Arnault ampliou a aposta na Veesion, startup francesa que usa inteligência artificial (IA) e visão computacional para evitar furtos.
A startup está anunciando uma nova rodada de investimentos no valor de € 38 milhões (aproximadamente R$ 243 milhões). Os recursos serão usados para abrir escritórios locais no Brasil e nos Estados Unidos, dois dos seus principais mercados atualmente.
O aporte foi liderado pela White Star Capital e contou com a participação da Red River West e do banco Bpifrance, por meio do fundo Digital Venture.
Investidores no cap table, como Odyssée Ventures, Verve Ventures e Founders Future e a Aglaé Ventures, de Arnault, também entraram na rodada.
Arnault, o empresário no comando da francesa LVMH, maior holding do mercado de luxo do mundo, foi um dos primeiros investidores na empresa e manteve uma participação expressiva no negócio desde então.
A startup tinha captado € 15 milhões desde 2018, ano de desenvolvimento de sua tecnologia.
Leia mais: Unico traz fundador de volta ao comando e aposta em plataforma mais transacional
A Veesion é dona de um software de videovigilância, criado a partir do emprego de inteligência artificial, que detecta gestos suspeitos dos transeuntes.
O mecanismo é conectado às câmeras de segurança dos estabelecimentos, acompanhando os gestos dos clientes em movimento pelas lojas.
A partir daí, a tecnologia identifica bolsas, sacolas e cestas de compras e partes do corpo das pessoas, como o tronco, o braço, o antebraço e a mão, dentro do conceito de “estimativa de pose”. Para evitar vieses discriminatórios, diz a startup, as pessoas aparecem sob zonas coloridas.
Quando captura um movimento impróprio, a plataforma sinaliza enviando um vídeo em tempo real para os donos dos estabelecimentos - ou área de segurança. Segundo a Veesion, as perdas por furtos podem ser reduzidas em até 50%.
O foco da startup está em clientes como mercadinhos, lojas independentes e farmácias - e também grandes redes como Walmart e Leroy Merlin.
Expansão no Brasil
A operação brasileira é comandada pelo francês Mathieu Le Roux desde fevereiro. Atualmente, conta com 15 pessoas dedicadas, número que a startup quer dobrar até o fim do ano.
“Estamos adaptando a nossa operação às praticas e soluções locais de pagamento, como Pix e boleto, atendimento por WhatsApp do time de suporte e investindo em tecnologia e time local de vendas”, afirma o Le Roux à Bloomberg Línea.
O Brasil é o maior mercado em número de clientes: são 400, em uma base total de 5.000. A startup opera em 25 países atualmente.
Hoje, o país é um dos três mercados com o ritmo mais acelerado de crescimento em número de clientes por mês, segundo a empresa.
A conexão com Arnault
Os fundadores Benoît Koenig, Thibault David e Damien Ménigaux criaram a Veesion logo após o término dos estudos em inteligência artificial. Na busca por campos a explorar, o trio percebeu uma tendência: os casos de uso de IA em vídeo ofereciam uma oportunidade.
A relação da Veesion com o dono da LVMH veio a partir da faculdade de administração, a HEC Paris (École des Hautes Études Commerciales), a mesma onde Koenig e Arnault estudaram na capital francesa.
Como o bilionário investe em startups, a partir de um family office, o Aglae Ventures, os jovens usaram o networking para apresentar as ambições da Veesion.
Com um vasto portfólio de marcas de varejo de luxo, que inclui nomes como Louis Vuitton, Dior, Fendi e Givenchy, Arnault também precisa lidar com os furtos em suas lojas. A startup tem feito testes para ajudar nesses processos.
Leia também
‘Garagem fecha as portas’: Unilever desativa hub de inovação aberta no Brasil
Com a visão do RH do futuro, Tako avança com cofundador da Rappi na gestão