Rodadas da semana: startups de IA devem receber mais de 50% dos investimentos em 2025

Projeção da CB Insights aponta um crescimento explosivo nos aportes em empresas do segmento; nesta semana, a Turbi levantou os maiores recursos no Brasi

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Bloomberg Línea — Os investimentos em startups de inteligência artificial (IA) devem representar mais da metade dos aportes pela primeira vez na história. A projeção é da CB Insights, na divulgação dos números de investimentos globais compilados no terceiro trimestre.

Em 2022, ano da explosão da AI generativa com o ChatGPT, o percentual estava na casa de 15% globalmente. Os Estados Unidos aparecem como os principais impulsionadores desta expansão.

No país, 85% dos investimentos registrados ao longo do ano foram direcionados a startups de IA. No último trimestre, a Anthropic, com US$ 13 bilhões, a OpenAI, US$ 8,3 bilhões, e a Mistral AI, US$ 1,5 bilhão, ficaram com as principais entradas de capital.

Os dados atuais mostram que 51% do capital global em equity está indo para negócios de IA. Em 2024, o percentual ficou abaixo de 40%.

Na América Latina, onde os aportes estão historicamente concentrados em fintechs, o mercado também começa a perceber os ventos favoráveis puxados por IA.

Números levantados pelo SlingHub, plataforma de dados sobre as startups na região, registraram alta de 99% nos montantes captados por startups de IA no terceiro trimestre em relação ao mesmo período de 2024.

Startups de “IA-first”, negócios que dependem de IA para existir, receberam US$ 294 milhões - 72% do total captados por startups nesta categoria. E os negócios “AI-enabled”, que usam a tecnologia para aprimorar produtos e serviços, US$ 112 milhões, 28% dos recursos.

Veja as principais rodadas da semana:

Turbi

A Turbi, startup de aluguel de carros por hora, levantou R$ 156 milhões em operação de venture debt com o Itaú Unibanco como âncora e participação da japonesa Credit Saison. O aporte será destinado à expansão da frota e ao fortalecimento da estrutura de capital da companhia, que já sinaliza preparativos para uma eventual abertura de capital.

A empresa paulistana compete no segmento de mobilidade com Localiza, Movida e Unidas, mas aposta no modelo de aluguel por hora como diferencial. No segundo trimestre, a receita cresceu 35% em base anual, enquanto a frota expandiu 64%, atingindo 5.800 veículos. Com os novos recursos, a expectativa é chegar a 7.000 unidades e avançar para outras capitais além de São Paulo.

A entrada do Itaú como principal financiador representa um passo estratégico para a Turbi acessar mercados de crédito mais competitivos e estabelecer parcerias com outras instituições financeiras de grande porte. A startup já era emissora ativa de debêntures no mercado local e agora busca diversificar suas fontes de funding.

O próximo passo da companhia envolve uma rodada de equity para ajustar a estrutura de capital. Com alavancagem atual entre cinco e seis vezes a relação dívida líquida/Ebitda, a gestão negocia a entrada de investidores para reduzir esse índice para cerca de cinco vezes, movimento visto como necessário para viabilizar um IPO futuro.

Lumx

A Lumx, empresa de infraestrutura para pagamentos com stablecoins, captou US$ 3,4 milhões (aproximadamente R$ 18,5 milhões), em rodada liderada pela Indicator Capital e CMT Digital, com participação de Escala Capital, além de investidores estratégicos como Bitso e Nomad.

Fundada em 2022 no Rio de Janeiro, a startup conecta bancos, fintechs e provedores de pagamento a soluções baseadas em stablecoins, suportando moedas como BRL, USDC e USDT.

A plataforma funciona como infraestrutura de dados descentralizada que orquestra fluxos entre sistemas em tempo real, utilizando blockchain para garantir integridade e auditabilidade.

A Lumx se posiciona como alternativa aos sistemas tradicionais de transferência internacional, como o Swift, oferecendo liquidação quase instantânea e redução de taxas para clientes corporativos.

Os recursos serão direcionados para expansão na América Latina, desenvolvimento tecnológico e aprofundamento em práticas de compliance junto aos órgãos reguladores. A empresa pretende manter uma estrutura enxuta com cerca de 30 colaboradores, priorizando alta especialização e autonomia no time.

Crown

A Crown, fintech que atua no mercado de ativos digitais, levantou US$ 8,1 milhões (cerca de R$ 44,1 milhões) em uma rodada de capital semente para entrar no mercado.

O aporte contou com a participação de investidores como Framework Ventures, Valor Capital Group, Coinbase Ventures, Norte Ventures, Paxos e Edward Wible, cofundador do Nubank.

A startup chega ao mercado com o lançamento da BRLV, uma stablecoin atrelada ao real (BRL) e lastreada 100% em títulos do governo brasileiro. A stablecoin estreia com mais de R$ 200 milhões em subscrições e tem o objetivo de aumentar a flexibilidade e a programabilidade do real no ambiente digital.

O capital será usado no desenvolvimento de produtos e na expansão da startup. Por trás do negócio, estão John Delaney, ex-COO da Xerpa, adquirida pela Betterfly, Vinicius Correa, co-fundador da Pipo Saúde, Alex Gorra, ex-sócio-gerente na Brainvest e Bruno Passos, ex-Hashdex.

zMatch

A zMatch, plataforma de tecnologia para mobilidade, recebeu R$ 10 milhões com a entrada de três novos sócios: Cristiano Oliveira, Lucas Moraes e Moises Herszenhorn.

Fundada em 2021 por Renata Porto e Sylvio de Barros, a empresa opera no modelo asset light, sem frota própria, conectando consumidores a montadoras, gestoras de frota e concessionárias no segmento de assinatura de veículos.

O investimento será direcionado para o desenvolvimento da ZAI, plataforma que utiliza inteligência artificial para escalar a venda de assinaturas de carros por concessionárias e montadoras. A expectativa é que a ZAI entre em operação no início de 2026.

Entre os novos sócios, Oliveira e Moraes fundaram a Olívia, startup de IA e gestão financeira vendida ao Nubank. Herszenhorn, que assume como co-CEO, traz experiência em venture capital e mercado automotivo, com passagem pelo BV.

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