Rodadas da semana: Asaas levanta R$ 100 mi, e Firecrawl capta R$ 81 mi

Fintech para pequenas e médias empresas, a Asaas reforçou o braço de crédito ao levantar novo FIDC; nos EUA, a Firecrawl, com um brasileiro como fundador, captou mais recursos para a sua plataforma de estruturação de dados

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Bloomberg Línea — A semana que passou foi marcada por aportes com volumes de investimento de venture capital mais expressivos para as startups, após um período de menos fartura.

A Asaas, com soluções financeiras para pequenas e médias empresas, levantou o maior montante: R$ 100 milhões com emissão de um FIDC. Nos Estados Unidos, a Firecrawl, que tem o brasileiro Nicolas Silberstein como um dos co-fundadores, captou R$ 81 milhões em rodada Série B.

A startup, com um modelo para estruturação de dados na web, conta com time de apenas 10 profissionais.

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Asaas

A Asaas, fintech catarinense de soluções financeiras para pequenas e médias empresas, levantou R$ 100 milhões em seu terceiro FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios), voltado à antecipação de recebíveis de cartão de crédito.

A emissão foi coordenada pelo Itaú BBA, com participação do Bradesco BBI, e tem gestão da Kanastra.

Fundada em Joinville pelos irmãos Piero e Diego Contezini, a Asaas conta hoje com mais de 210.000 clientes que utilizam conta digital, emissão de boletos e links de pagamento, cartões e ferramentas de gestão.

Em 2024, a empresa ultrapassou R$ 500 milhões em receita anual recorrente (ARR) e antecipou R$ 2 bilhões em crédito para sua base.

O novo FIDC, o segundo para recebíveis de cartão de crédito, é parte de uma estratégia de diversificação de funding e saiu com custo menor em relação ao primeiro, emitido em 2023. A frente de crédito, iniciada em 2018, já representa 15% da receita da fintech.

Firecrawl

A Firecrawl, startup que organiza dados da internet para alimentar sistemas de inteligência artificial, captou R$ 81 milhões em rodada Série A liderada pela Nexus VP, com participação da Y Combinator e de investidores estratégicos como Tobias Lütke, CEO da Shopify.

Fundada pelo brasileiro Nicolas Silberstein Camara, ao lado dos americanos Caleb Peffer e Eric Ciarla, a Firecrawl nasceu de um projeto de assistentes de IA, mas pivotou após identificar a dificuldade de empresas em estruturar informações online.

O produto, disponibilizado como open source, ganhou tração rápida e hoje é usado por mais de 6.500 companhias em todo o mundo — incluindo Nvidia, OpenAI, Shopify, PwC e Zapier — sendo mais de 1.000 no Brasil.

A plataforma funciona como uma API que transforma páginas desestruturadas em dados legíveis por modelos de linguagem e sistemas de IA, atendendo empresas que desenvolvem chatbots, agentes, soluções de automação e produtos internos com base em grandes volumes de informação online.

A Firecrawl tem apenas 10 funcionários e vai usar o novo aporte para expandir a operação no Brasil, reforçar a tecnologia proprietária e ampliar o alcance global entre desenvolvedores.

Iniciador

A startup Iniciador, de infraestrutura especializada em pagamentos, captou R$ 32 milhões em rodada liderada pela Valor Capital, com participação dos fundos Big Bets, Alter Global, Actyus e Norte Ventures.

O objetivo é liderar a adoção das novas modalidades do Pix e consolidar-se como infraestrutura estratégica para grandes bancos e instituições autorizadas pelo Banco Central.

A startup atua nos bastidores do sistema financeiro e atende nomes como iFood Pago, Stone, Nomad e Núclea. Hoje, é utilizada por 60% das iniciadoras participantes do Pix Automático e por mais de 50% das autorizadas no Pix por Biometria.

Após quadruplicar sua base desde 2024, o Iniciador mira agora os grandes bancos. A fintech aposta na expansão das novas modalidades de Pix — como Pix por Biometria, Pix por Aproximação e Pix Inteligente — para expandir o seu mercado.

A meta é manter taxas de aprovação acima de 95% e sustentar o avanço de um sistema financeiro cada vez mais baseado no Pix. Com o novo aporte, a empresa pretende ampliar tecnologia, levar os produtos a mais clientes e fortalecer sua posição em fóruns regulatórios.

InHire

A InHire, HRTech especializada em tecnologia para recrutamento e seleção com o uso de IA, recebeu investimento liderado pelo DGF Investimentos, com participação da Bridge One e da Endeavor Scale-Up Ventures. O valor do aporte não foi divulgado.

Os recursos serão direcionados ao desenvolvimento de novas funcionalidades baseadas em IA e à expansão da presença da startup em grandes empresas.

Fundada há pouco mais de três anos, a InHire quadruplicou seu faturamento em 2024 e projeta triplicar novamente em 2025. A plataforma já atende cerca de 600 clientes, incluindo Cielo, Magazine Luiza, Olist, Nuvemshop, Alelo e Alice.

A empresa opera em um mercado estimado em R$ 1,5 bilhão ao ano e apresenta, segundo a empresa, margem bruta de 70%, churn abaixo de 1,5% e relação LTV/CAC de quase 8 vezes.

Entre as inovações já lançadas estão agentes de IA para triagem automática de candidatos, transcrição de entrevistas e inscrição via WhatsApp.

Com o novo capital, a InHire pretende acelerar a automação de processos de recrutamento, fortalecer sua base proprietária de candidatos e ampliar sua atuação na carteira de grandes contas.

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