Fintech Zippi capta R$ 85 milhões em FIDC com Itaú, Bradesco Asset e Verde

Startup brasileira, que tem o Tiger Global Management como sócio, oferece crédito a microempreendedores por meio do Pix; Valora Investimentos também investiu no FIDC

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Bloomberg — A Zippi, fintech brasileira que tem o Tiger Global Management como sócio, captou R$ 85 milhões por meio de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) em meio a planos de dobrar o volume de crédito oferecido a microempreendedores e microempresas.

“O momento do mercado para esse tipo de crédito estruturado é muito bom no Brasil”, disse André Bernardes, um dos fundadores da Zippi, em entrevista. “Em outros lugares da América Latina onde o mesmo produto não existe, o financiamento para pequenas fintechs como a nossa é muito limitado e caro.”

A Zippi, pioneira na oferta de crédito a microempreendedores usando o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos Pix, atraiu novos investidores, incluindo a Bradesco Asset Management e a Verde Asset Management, para comprar cotas de seu FIDC, um fundo que investe em pacotes de créditos e é semelhante ao mercado de securitização dos Estados Unidos. A Valora Investimentos e o Banco Itaú BBA também estão entre os investidores do FIDC.

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As autoridades monetárias mantiveram a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, em 15% ao ano, a maior em quase duas décadas, no início deste mês, um nível que mantém os investidores interessados ​​em crédito privado.

Os FIDCs tiveram R$ 64,8 bilhões em entradas líquidas até agosto deste ano, elevando o total sob gestão para um recorde de R$ 715,9 bilhões, de acordo com a Anbima, a associação do mercado de capitais.

“A estrutura robusta dos FIDCs, com recebíveis como garantia e contas-caução, ajuda a dar mais segurança aos investidores institucionais”, disse Bernardes.

O Pix, lançado pelo Banco Central no final de 2020, não cobra taxas para pessoas físicas e processa pagamentos instantâneos 24 horas por dia, incluindo fins de semana.

No início, o Pix ganhou força com pessoas físicas utilizando os recursos para enviar dinheiro para outras pessoas. Depois, conquistou participação no mercado dos cartões de débito, já que muitos empreendedores autônomos agora aceitam apenas o Pix como pagamento. Isso permite que eles evitem pagar o aluguel de uma máquina de cartão ou taxas para empresas adquirentes.

Fundada em 2019, a Zippi inicialmente usava o Mastercard para fornecer crédito. Mas em 2021 passou a utilizar o Pix, pois os clientes da empresa o adotaram, disse Bernardes. “É mais barato e eficiente do que cartões de crédito para o nosso tipo de cliente”, disse ele.

O aplicativo da empresa permite que um fornecedor receba uma transferência usando o Pix, enquanto o empreendedor terá até 10 dias para pagar o crédito recebido. A Zippi já disponibilizou cerca de R$ 6 bilhões em capital de giro.

A Zippi lançou seu FIDC em dezembro de 2023 e encerrou 2024 com R$ 80 milhões. Agora, esse FIDC está emitindo mais cotas e a expectativa é de que encerre 2025 com R$ 160 milhões em ativos.

A empresa também levantou capital anteriormente: em junho de 2022, anunciou uma rodada de investimentos de US$ 16 milhões liderada pelo Tiger. Possui cerca de 100.000 clientes ativos entre os 22 milhões de pequenas empresas no Brasil.

Bernardes disse que a “polêmica” com o presidente dos EUA, Donald Trump, em torno do Pix se deve ao seu sucesso e à força que o produto conquistou, e ele não espera que isso afete seus negócios.

“Não é do interesse do Brasil, do governo e da população que o sistema Pix seja ameaçado”, disse ele.

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