Bloomberg Línea — A CUB, startup que oferece soluções para a gestão de recebíveis no setor imobiliário, captou US$ 5,5 milhões (cerca de R$ 30 milhões ao câmbio atual) em uma rodada Série A liderada por Alexia Ventures e Upload Ventures.
O investimento procura pavimentar o caminho da proptech, que oferece uma plataforma a partir da qual integra serviços como automação de cobrança, conciliação bancária, análise de dados e acesso a crédito.
Fundada em 2022 por Leonardo Gasparin (CEO), Fábio Coutinho (CPO), Thais Matoszko (COO) e Lucas Zago (CTO), a CUB nasceu da experiência anterior dos fundadores no mercado imobiliário, em que empregavam tecnologia para mapear estoques de terrenos.
A startup passou por um acquihiring que ajudou na estruturação da área de inovação da Tok&Stok, em uma operação comandada à época pelo fundo americano de private equity Carlyle.
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Com a nova empreitada, a proposta dos empreendedores evoluiu em relação à anterior: em vez de apoiar a venda de terrenos e imóveis, a CUB passou a focar no back office do mercado imobiliário e a acompanhar o fluxo financeiro no pós-venda para garantir governança e eficiência na cobrança de parcelas.
“As incorporadoras existem para colocar os projetos de pé, não necessariamente sabem lidar com esses milhares de boletos e códigos Pix que estão sendo enviados mês a mês”, afirmou Thais Matoszko, em entrevista à Bloomberg Línea.
“O que fazemos é trazer governança para esse processo, conciliando automaticamente os recebimentos e reduzindo riscos para todos os lados.”
Hoje, a plataforma atende cerca de cem incorporadoras e loteadores, que somam mais de 400 projetos e cerca de 79.000 contratos ativos.
Segundo os fundadores, esse volume já permitiu processar mais de R$ 100 milhões em pagamentos mensais, com impacto na redução da inadimplência.
“Só de termos uma régua e conseguirmos falar efetivamente com o cliente final já resulta em uma melhora significativa na diminuição da inadimplência”, disse Matoszko. “Hoje, 80% da base já flui normalmente no nosso software, sem que nós tenhamos que colocar a mão.”
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Produtos de crédito
A rodada vem para acelerar o crescimento da operação comercial e abrir novas frentes de produtos.
O primeiro lançamento pós-investimento será uma solução de pagadoria de comissões imobiliárias, etapa inicial do fluxo financeiro de qualquer incorporação.
“A pagadoria imobiliária vem para cobrir exatamente esse gap que existia até então na nossa esteira [de produtos], até por uma questão de foco. Agora, a nossa esteira fica completa na tese de que a CUB é por onde o dinheiro do mercado imobiliário transita”, afirmou Gasparin na mesma entrevista.
A receita da startup está concentrada na frente de tecnologia, que responde por mais de 90% do total, que cresce 20% a cada mês. A CUB não abre os valores.
O próximo passo é explorar mais o acesso ao crédito, tanto para incorporadoras e loteadores quanto para os clientes finais.
Por meio da CUB Capital, como a divisão foi batizada, a startup começa a ganhar escala em produtos como a antecipação de recebíveis e o “lote equity” — uma versão adaptada do home equity para compradores de terrenos. Ou seja, em que o loteamento entra como garantia para viabilizar juros mais baixos.
Até dezembro de 2026, a vertical financeira capital deve movimentar entre R$ 100 milhões e R$ 200 milhões, segundo cálculos internos.
Pelo ritmo estimado de crescimento de todo o negócio, a projeção é que a área terá uma contribuição semelhante à atual, algo em torno de 10%.
A expectativa é que a CUB cresça a base de clientes em dez vezes, chegando a 1.000 ao fim de 2026, com movimento de mais de R$ 1 bilhão em transações mensais, com cerca de 800 mil contratos assinados.
“A área financeira vem muito na esteira do tech, que é a nossa prioridade total de máquina de vendas”, disse Gasparin.
“Nós entendemos que a CUB Capital vai ser mais uma forma de monetizar a tecnologia que estamos construindo e em que investimos.”
Com o novo aporte, a startup soma mais de R$ 43 milhões captados desde a criação.
TerraCotta Ventures, fundo de venture capital focado em proptechs, e Patrick Sigrist e Guilherme Bonifácio, cofundadores do iFood, também estão no cap table.
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