CEO da própria saúde: empreendedor aposta em diário para o auto-cuidado no WhatsApp

Marcelo Loureiro, co-fundador da Grow, de patinetes elétricos, acelera ganho de escala da Superdash, plataforma que permite que usuários registrem dados de sono, alimentação e estresse, para gerar insights voltados a melhorar a qualidade de vida

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Bloomberg Línea — Marcelo Loureiro, um dos empreendedores seriais mais conhecidos do Brasil e co-fundador da Grow (nascida da fusão entre Grin e Yellow), está de volta ao mercado com sua 13ª empresa.

Aos 58 anos, ele acaba de lançar a Superdash, uma plataforma de bem-estar que pretende funcionar como uma espécie de diário inteligente no WhatsApp.

A solução foi criada a partir da própria rotina de saúde do fundador, que decidiu “virar CEO da própria saúde” durante a pandemia, após lidar com vários problemas de dor crônica.

“Eu percebi que estava terceirizando a minha saúde para médicos, relógios e dicas de amigos. O Superdash nasceu desse processo de autoconhecimento”, disse Loureiro em entrevista à Bloomberg Línea.

Depois da experiência com a Grow, Loureiro foi um dos co-fundadores em 2020 da Dolado, startup que faz uso de camadas de tecnologia para ajudar na forma como pequenos comerciantes lidam com a reposição de estoque. Deixou o negócio dois anos depois.

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“No processo de aprendizado pessoal, tive insights que me levaram a entender que a Superdash era uma proposta que fazia sentido pra mim”, contou ele, que começou aos poucos a compartilhar a plataforma com amigos e médicos e, há nove meses, abriu para poucos usuários pagantes antes de “escalar” o negócio.

A SuperDash propõe um modelo que define como simples: em menos de um minuto por dia, o usuário responde a perguntas curtas sobre sono, alimentação, estresse e hábitos pessoais.

A plataforma organiza os dados, gera gráficos, devolve insights personalizados, ao mesmo tempo em que cria um histórico de informações sobre o usuário.

“A grande diferença é que, em vez de deixar um wearable dizer como você está, você aprende a se perceber”, afirmou Loureiro. “Nós brincamos que são os três Cs na nossa jornada: compromisso, consistência e consciência.”

A startup já teve cerca de mil usuários. O plano é único, com versão mensal e anual. O custo é de R$ 14,90 por mês.

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O produto deve ganhar ainda em 2025 integração com wearables e recursos considerados mais robustos de inteligência artificial.

Além das respostas, o bot permite que os usuários fotografem refeições para que o sistema calcule calorias e macronutrientes, além de programas para lembretes, análises de humor por palavras-chave e recomendações baseadas em referências de especialistas.

A estratégia do SuperDash tem como foco o usuário final, mas o empreendedor também vê espaço no B2B e tem conduzido testes: clínicas médicas e nutricionistas poderão acompanhar os pacientes de forma mais contínua entre consultas.

“O paciente se sente acompanhado e o médico tem um histórico real, não só a lembrança do que aconteceu no último mês”, disse.

Com todo um histórico de empreendedorismo que carrega no DNA, iniciado aos 21 anos com uma sorveteria e tendo transitado por mercados tão diversos quanto os de bares e restaurantes, varejo de roupas e concessionária de carros, Loureiro já tem claro o caminho a ser pavimentado pela startup.

O empreendedor projeta a entrada no mercado americano em 2026, país onde morou por dez anos e também atuou como empreendedor antes de investir nos patinetes elétricos.

“Eu tenho convicção de que o WhatsApp vai acontecer nos EUA. E quero levar para lá uma solução que mostra que ele pode ser mais do que um app de conversa: um app de uso diário”, afirmou.

Até lá, segue com foco no mercado brasileiro e uma ambição clara: transformar o Superdash em um “grande presta-atenção” para pessoas que buscam mais consciência sobre saúde e bem-estar.

“O grande benefício para as pessoas é justamente esse estado de atenção. O SuperDash alinha suas atitudes com seus objetivos.”

Hoje, a equipe da Superdash conta com apenas seis pessoas, que operam em modelo bootstrap — com recursos próprios e sem investidores externos. Trata-se de uma decisão que, segundo Loureiro, garantiu controle e “paz de espírito” neste novo início de jornada.

“Em um momento tão embrionário da startup, o investimento confunde mais o empreendedor do que ajuda”, disse. De acordo com Loureiro, a startup opera perto do breakeven, estimado para ser alcançado no intervalo de seis meses.

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