Bloomberg Línea — A Quartzo Capital, gestora de venture capital resultado da fusão com a Invisto, começou a captar para o seu sexto veículo de investimento, o VC6, com um target de US$ 100 milhões (cerca de R$ 530 milhões).
O veículo marca uma mudança estratégica da gestora, que passa a mirar startups em estágio mais avançado, com cheques iniciais a partir de US$ 5 milhões.
Comandada por Marcel Malczewski, na cadeira de CEO, a Quartzo tem mais de R$ 1,4 bilhão sob gestão e atuação em áreas diversas, como asset management, real estate, wealth management e corporate finance.
O braço de venture capital é a maior divisão de negócio, com R$ 600 milhões em recursos - na soma de R$ 450 milhões da Quartzo com R$ 150 milhões da Invisto. No portfólio, estão mais de 60 startups, entre investidas e aceleradas. No portfólio estão nomes como a Asaas e OmniChat.
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Entre os últimos anúncios da gestora do sul do país estiveram os aportes na Exato Digital, startup de verificação de antecedentes, em que liderou uma rodada de R$ 20 milhões, e na Solan, plataforma SaaS de usinas solares, no valor de R$ 6,5 milhões.
Os recursos vieram do Funses 1, veículo do fundo soberano do Espírito Santo, para estimular o desenvolvimento do ecossistema empreendedor no estado. Internamente, o fundo é chamado de VC5.
Segundo Malczewski, o novo fundo (o VC6) representa uma evolução natural da estratégia da gestora, conhecida como TM3 Capital até 2024, quando se fundiu com a CTM Investimentos.
Historicamente, o fundo investiu em startups com modelo de SaaS (Software-as-a-Service) B2B, em verticais como saúde, finanças, logística e IA.
Nos veículos atuais, o volume desembolsado a cada cheque chega a R$ 20 milhões, o equivalente a uma Série A, mas a maior parte vai para startups em estágios anteriores.
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No próximo fundos, os aportes serão a partir dos R$ 25 milhões, com o foco em startups em rodadas Series A “mais robustas” e em Series B.
“Nós avaliamos que o portfólio tem validado essa experiência e a nossa tese, ou seja, que podemos participar desses estágios subsequentes também”, afirmou Marcelo Wolowski, fundador da Invisto e hoje head de Venture Capital da Quartzo.
“Recentemente, duas investidas nossas, a Isa Saúde e a Darwin Seguros, tiveram captações acima de R$ 100 milhões.”
A mudança também busca mitigar os riscos da operação, com a entrada em negócios melhor estruturados.
Em paralelo ao movimento, a Quartzo pretende reservar capital para alocar em gestoras especializadas em startups em early stage, aproveitando uma experiência da própria Invisto e do fundo atual.
“Nós entendemos que essa iniciativa tem dado muito certo no Funses1 e vamos replicar no VC6. Ou seja, teremos cheques maiores, de pelo menos US$ 5 milhões por startup, porém um montante reservado para fundos que atuam com startups menores para que isso se torne ‘boca de funil’”, afirmou Malczewski.
A expectativa da gestora é a de concluir um first closing ainda no primeiro semestre de 2026. As conversas estão concentradas em investidores institucionais, tanto locais quanto internacionais.
Fora o porte dos negócios, a tese permanece a mesma - SaaS e B2B -, com um toque adicional de inteligência artificial. O portfolio deve contar com um grande número de startups da região Sul, até pela presença nas três capitais da região, com escritórios em Florianópolis, Curitiba e Porto Alegre.
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“Deve ter um número grande de empresas do Sul até porque é muito mais fácil para nós. Nós conhecemos todo mundo aqui e todo mundo nos conhece, mas não é a tese”, explicou Malczewski.
Aquecimento em M&As
Enquanto acomoda as mudanças e articula investimentos para o novo veículo, os sócios da Quartzo acompanham também as movimentações das investidas e o mercado de fusões e aquisições.
O entendimento é que há sinais de recuperação à vista, com a presença de investidores estratégicos internacionais com maior apetite.
A gestora dedicou um profissional para cuidar dos processos de desinvestimentos, adotando um modelo mais proativo do que passivo para viabilizar as saídas.
“Acreditamos que o pior momento já passou. Estava muito ‘seco’, as propostas eram muito ruins, e agora começamos a ver um início de movimentação. O ano que vem [2026] será muito insano no Brasil em termos de emoções, mas em venture capital já estivemos em um momento pior”, disse Malczewski.
Os sócios contabilizam nove startups em estágio mais maduro tanto do ponto de vista de negócio quanto de conversas.
A prioridade está em vendas para investidores estratégicos em detrimento de operações secundárias, mercado que cresce no país e que tende a pressionar para cima as avaliações. “Não são nem a primeira nem a segunda opção para nós”, disse o CEO.
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